Conselho de Segurança da ONU pede libertação imediata de Suu Kyi

China e Rússia acabaram por aceitar um texto um comum a pedir a libertação dos presos políticos e o respeito pelos direitos humanos. Joe Biden pede aos militares para abdicarem do poder e equaciona sanções. Win Htein, braço-direito de Suu Kuyi, também foi detido.

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Professores e estudantes também se juntaram aos protestos contra o golpe militar NYUNT WIN/EPA

O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou à libertação imediata de Aung San Suu Kyi e das restantes pessoas detidas pelos militares no golpe de Estado da passada segunda-feira na Birmânia, enquanto os Estados Unidos voltaram a acenar com a possibilidade de impor sanções.

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O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou à libertação imediata de Aung San Suu Kyi e das restantes pessoas detidas pelos militares no golpe de Estado da passada segunda-feira na Birmânia, enquanto os Estados Unidos voltaram a acenar com a possibilidade de impor sanções.

Depois de uma reunião de emergência que terminou sem consenso na passada terça-feira, a China e a Rússia acabaram por ceder e chegaram a um acordo com os restantes 13 membros do Conselho de Segurança para uma declaração conjunta cuja linguagem, escreve a Reuters, acabou por ser mais branda do que a versão inicial do documento redigida pelo Reino Unido.

Os membros do Conselho de Segurança da ONU manifestaram “profunda preocupação com a declaração de estado de emergência imposto pelos militares na Birmânia” e reiteraram a “necessidade de apoiar as instituições e processos democráticos, de evitar a violência e de respeitar plenamente os direitos humanos, as liberdades fundamentais e o Estado de direito”, apelando à “libertação imediata de todos os detidos”.

Os Estados Unidos, no entanto, admitem ir mais longe e o Presidente Joe Biden apelou aos militares para abdicarem do poder e libertarem todos os presos políticos.

“Numa democracia, a força nunca deve ser utilizada contra a vontade do povo ou para anular o resultado de uma eleição credível”, afirmou Joe Biden, contrariando a tese veiculada pelos militares, que denunciaram a existência de fraude eleitoral nas eleições de Novembro que deram a maioria à Liga Nacional para a Democracia (NLD).

O conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan falou ao telefone com embaixadores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), uma organização com dez membros, entre os quais a Birmânia, e admitiu que os Estados Unidos estão a ponderar impor sanções individuais contra os responsáveis pelo golpe militar.

O golpe de Estado da passada segunda-feira foi encabeçado pelo general Min Aung Hlaing, que assumiu a liderança do país e declarou um estado de emergência durante um ano, prometendo a realização de novas eleições depois desse período. Desde o golpe militar, Suu Kyi, a líder de facto do país, está em prisão domiciliária e ainda não fez qualquer declaração em público, tendo sido acusada de violar uma vaga lei de importação por ter rádios em casa.

Desde o golpe militar, de acordo com a Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos da Birmânia (AAPP), já foram detidas mais de 140 pessoas, incluindo activistas que contestaram o golpe, políticos, membros do Governo deposto e o Presidente Win Myint.

Uma das últimas pessoas a ser detida, esta sexta-feira, foi Win Htein, de 79 anos, considerado o braço-direito de Aung San Suu Kyi, que foi levado pela polícia birmanesa quando estava na casa da sua filha na capital, Naypyidaw. Antes de ser detido, Wtein tinha dado entrevistas à imprensa internacional a criticar o golpe de Estado e a acusar os militares de estarem a levar a Birmânia “para o caminho errado”.

Nas principais cidades birmanesas, continuam os protestos simbólicos, com as pessoas a saíram às suas varandas e a baterem em tachos e panelas, além dos “buzinões” nas estradas.

Depois dos médicos e profissionais de saúde, que têm feito greves a contestar o golpe, também centenas de professores e estudantes se juntaram aos protestos.

“Apenas apoiamos o Governo eleito e estaremos seu a seu lado”, garantiu à Reuters o professor universitário Nwe Thazin. “Não aceitamos de forma alguma o Governo que assumiu o poder pela força”, acrescentou.