Covid-19: investigadores monitorizam reacções adversas a medicamentos em doentes

Entre os objectivos do projecto estudo está a criação de uma base de dados de reacções adversas aos medicamentos em doentes com covid-19.

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Hospital de São João, no Porto Paulo Pimenta

Um projecto de monitorização activa da segurança da terapêutica utilizada no contexto da covid-19 nos hospitais do distrito do Porto está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade do Porto.

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Um projecto de monitorização activa da segurança da terapêutica utilizada no contexto da covid-19 nos hospitais do distrito do Porto está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade do Porto.

Um dos objectivos deste estudo, de carácter multicêntrico, é desenvolver uma base de dados de reacções adversas aos medicamentos (RAM) em doentes com covid-19, explicaram esta sexta-feira os investigadores.

Pretende-se também caracterizar o perfil farmacoterapêutico antes da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 em doentes com covid-19, de modo “a avaliar o efeito favorável, desfavorável ou neutro desse perfil no curso da infecção, em termos de susceptibilidade, gravidade e desfecho”.

O projecto “Intensive Drug Monitoring Covid-19” decorre no âmbito da actividade desenvolvida pela Unidade de Farmacovigilância do Porto, liderada por Jorge Polónia, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis)

De acordo com um artigo publicado na Acta Médica Portuguesa (O papel da farmacovigilância em contexto de pandemia por covid-19), o projecto irá recolher dados sobre as RAM de forma retrospectiva e prospectiva, sendo que nesta última irá permitir detectar “sinais de risco em tempo real”.

Nesse sentido, a equipa irá rastrear os registos clínicos e monitorizar activamente a medicação administrada aos doentes com covid-19 identificados nas várias instituições de saúde, inclusivamente após a alta hospitalar.

“As metodologias de monitorização activa poderão contribuir para se ter uma noção mais exacta da realidade das RAM associadas à covid-19 na prática clínica, nomeadamente no que diz respeito aos medicamentos usados no tratamento”, referem os autores do estudo.

Até à data, referem os investigadores, apenas os fármacos remdesivir e dexametasona foram aprovados para o tratamento da covid-19 pelas autoridades reguladoras, com indicações muito restritas e, no caso do remdesivir, com resultados contraditórios, justificando uma monitorização atenta.

Um dos grandes obstáculos à monitorização das RAM em doentes infectados será a evolução para um estado crítico. Outro factor que pode dificultar um melhor conhecimento das RAM é a idade dos doentes.

Na União Europeia, as reacções adversas a medicamentos representam 6,5% dos internamentos e 197 mil mortes por ano.

Além de Jorge Polónia, participam neste estudo os investigadores Renato Ferreira da Silva, Inês Ribeiro Vaz, Ana Marta Silva e Joana Marques (Cintesis​/FMUP) e Manuela Morato, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. O projecto conta ainda com a colaboração dos delegados de farmacovigilância da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto nas respectivas instituições de saúde onde exercem actividade profissional.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.269.346 mortos resultantes de mais de 104,3 milhões de casos de infecção em todo o mundo. Em Portugal, morreram 13.482 pessoas dos 748.858 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.