Revista Cais deixa as ruas, mas apela aos donativos: “O colete está suspenso, mas a vida não”
O confinamento chegou à Cais e a todos os seus vendedores. Pela segunda vez em menos de um ano, a revista não sai à rua. A associação apela a donativos para assegurar os rendimentos de quem mais precisa.
A regra é ficar em casa e, por isso, desde Janeiro que os vendedores da Cais já não podem sair à rua para vender a revista — é a segunda vez em menos de um ano que tal acontece. No entanto, “o colete está suspenso, mas a vida não”, como diz um dos slogans da mais recente campanha da associação de apoio a pessoas em situação de sem-abrigo e exclusão social. É a pensar na vida de todos os vendedores e nos compromissos que tem para com os mesmos que a Cais decidiu disponibilizar online a edição de Janeiro (que arrancou em formato papel) e apela a donativos.
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A regra é ficar em casa e, por isso, desde Janeiro que os vendedores da Cais já não podem sair à rua para vender a revista — é a segunda vez em menos de um ano que tal acontece. No entanto, “o colete está suspenso, mas a vida não”, como diz um dos slogans da mais recente campanha da associação de apoio a pessoas em situação de sem-abrigo e exclusão social. É a pensar na vida de todos os vendedores e nos compromissos que tem para com os mesmos que a Cais decidiu disponibilizar online a edição de Janeiro (que arrancou em formato papel) e apela a donativos.
Foi em Abril de 2020 que se viram obrigados a abandonar a venda da revista nas ruas. Realidade que durou até Maio. O ano de 2021 começou com um déjà-vu: a Cais interrompeu, pela segunda vez em 27 anos (e, ao que tudo indica, até Março), as vendas nas ruas das cidades, o que significa que a grande maioria dos seus vendedores fica sem os rendimentos desta actividade e, portanto, sem capacidade económica para adquirir bens alimentares, pagar a renda da casa ou do quarto ou até mesmo ter acesso a medicamentos. A revista tem um custo de dois euros e 70% do valor é atribuído aos vendedores.
“Há uma crescente preocupação com o tempo que estarão em casa sem vender e, ao mesmo tempo, com a própria covid-19”, começa por explicar a gerente da associação Cais, Inês Braizinha, ao P3. “Eles entendem a situação, mas claro que ficam apreensivos. É uma garantia que lhes está a escapar. Estão numa situação muito frágil”, acrescenta. Ainda assim, a associação garante continuar a fazer um acompanhamento individual e regular aos seus vendedores quer presencialmente, quando se trata de receber os rendimentos, quer por telefone.
Desta forma, foi disponibilizado um PDF da edição do mês de Janeiro. A associação pede para que todos os que descarreguem a revista enviem um donativo, por transferência bancária, transferência multibanco ou através dos donativos do Facebook e Instagram, no valor mínimo de dois euros. Até ao momento, a Cais registou 1200 visitas ao site (quer para aceder à revista, quer para saber como se pode fazer um donativo).
Quem o fizer está a contribuir para o propósito da organização: apoiar na procura activa de trabalho, proporcionar a frequência de formações e satisfazer as condições básicas de vida dos seus utentes, permitindo que sejam replicados exemplos de sucesso como a de Luís Santos, de 25 anos, que já conseguiu fazer uma formação e um estágio, e conta a sua história na revista.
Porque, como destaca em entrevista na mesma edição o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, a pandemia está a pôr a humanidade “à prova” e a mostrar “várias verdades" — “revelou a nossa fragilidade, a importância que temos uns para os outros, a importância da saúde pública, a importância de trabalhar em conjunto por um bem comum”.
Texto editado por Amanda Ribeiro