Deputados da UNITA impedidos de entrar no Cafunfo por “ordens superiores”

Cinco deputados da UNITA e uma activista cívica foram travados na estrada antes de chegar à cidade da Lunda Norte, onde pelo menos dez pessoas foram mortas pela polícia no sábado. Comandante provincial adjunto da polícia alega “ordens superiores” de Luanda para impedir a entrada.

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Polícia disse qe tinha ordens para não deixar os deputados entrar na cidade DR

Enquanto as autoridades em Luanda, com ajuda da imprensa pública, falam de uma rebelião no Cafunfo levada a cabo por um movimento com ajuda externa, na Lunda Norte, uma delegação de cinco deputados da UNITA e a activista cívica Laura Macedo foram impedidos de entrar na cidade para averiguar o que teria acontecido e que acabou com pelo menos dez pessoas mortas pela polícia angolana.

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Enquanto as autoridades em Luanda, com ajuda da imprensa pública, falam de uma rebelião no Cafunfo levada a cabo por um movimento com ajuda externa, na Lunda Norte, uma delegação de cinco deputados da UNITA e a activista cívica Laura Macedo foram impedidos de entrar na cidade para averiguar o que teria acontecido e que acabou com pelo menos dez pessoas mortas pela polícia angolana.

Segundo contou ao PÚBLICO Joaquim Nafoia, que é natural do Cafunfo, os deputados seguiam na estrada que vem da sede municipal do Cuango em direcção à cidade quando foram “surpreendidos por um dispositivo fortemente armado” que lhes deu ordem para parar.

Por “ordens superiores de Luanda”, foram informados pelo comandante provincial adjunto da Polícia Nacional, Fernando J. P. Henriques, que a entrada do grupo no Cafunfo estava proibida e que só tinham duas possibilidades: ou regressavam a Luanda ou ficavam ali retidos.

“Nós não cometemos nenhuma ilicitude”, diz Nafoia, por isso, não havendo qualquer razão para que a polícia lhes travasse a circulação, a não ser o desejo de os impedir de entrar na cidade para falar com as pessoas e descobrir o que realmente se passou, decidiram fincar pé e não dar meia volta.

“Se não mataram ninguém, porquê temer?”, pergunta o deputado, em relação aos acontecimentos de sábado que mereceram as críticas de partidos políticos, organizações da sociedade civil e até de altos representantes da Igreja Católica.

A delegação da UNITA (composta, além de Nafoia, pelos deputados Alberto Ngalanela, Sediangani Mbimbi, Rebeca Muaca e Domingos Oliveira) e a activista ainda chegaram a propor à polícia que os levassem para o Cafunfo e os metessem em celas, onde dormiriam esta noite de quarta-feira.

Ou, então, como Joaquim Nafoia é natural do Cafunfo, que deixassem a delegação pernoitar na casa da sua irmã. Debalde. As ordens de Luanda foram muito explícitas: os deputados não podiam entrar na cidade.

Daí que os deputados, na altura da conversa com o PÚBLICO, permanecessem no local onde foram impedidos de prosseguir viagem, “fortemente vigiados” por elementos da Polícia de Intervenção Rápida angolana.