Um centro de nanotecnologia vai nascer no terreno das hortas urbanas de Famalicão
Novo edifício do CeNTI será construído no local onde se situam as hortas urbanas. Terrenos são propriedade do CITEVE, mas foram cedidos à câmara em 2009, que agora “devolve” aquela parcela. A relocalização das hortas permitirá a “ampliação do corredor verde urbano” de Famalicão.
As hortas urbanas de Famalicão terão, a partir de Março, uma nova morada. A mudança vem acompanhada de uma outra novidade, que a justifica. Na área em que se encontram os 9000 mil metros quadrados ocupados pelas hortas, o CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal) vai construir um edifício para albergar o CeNTI (Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes).
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As hortas urbanas de Famalicão terão, a partir de Março, uma nova morada. A mudança vem acompanhada de uma outra novidade, que a justifica. Na área em que se encontram os 9000 mil metros quadrados ocupados pelas hortas, o CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal) vai construir um edifício para albergar o CeNTI (Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes).
O terreno onde as hortas se situam é propriedade do CITEVE, apesar de ter sido cedido ao município em 2009. Nessa altura, tendo em vista a construção do Parque da Devesa e das hortas, o centro tecnológico cedeu uma área de 51.000 metros quadrados à autarquia por 51 anos. Agora, com a criação do centro nanotecnológico, o município devolve parte do terreno ao CITEVE. Contudo, um novo acordo relativo à cedência do espaço foi firmado: somam-se 49 anos ao prazo do direito de superfície, o que perfaz um total de 100 anos.
Assim, as novas hortas situar-se-ão entre a Avenida dos Descobrimentos e o leito do rio Pelhe, bem no centro da cidade. A relocalização prevê um aumento do número de hortas, de 205 para 224. Ao PÚBLICO, o presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha, adianta que o executivo “vai iniciar agora o trabalho com os próprios hortelãos”. O autarca refere ainda que “há trabalhos previamente realizados no terreno”, como a criação de divisórias. E garante que “o novo espaço é de muita qualidade ambiental, percorrido pelo mesmo rio Pelhe que passa nas antigas hortas”, correspondendo “ao objectivo da sustentabilidade, equilíbrio e balanço” ambiental do município.
Em nota de imprensa, a Câmara Municipal de Famalicão informou que as hortas urbanas serão instaladas num espaço com 21.000 metros quadrados, que permitirá “a ampliação do corredor verde urbano para Sul de Famalicão à margem do rio Pelhe”. Com a extensão desse corredor, a autarquia prevê “a valorização da margem ribeirinha”. Por isso, no restante espaço, está ainda prevista a construção de áreas de descanso, mas também para cultivo de árvores de fruto ou de canteiros de plantas aromáticas. E não só: nascerá um percurso pedonal ao longo do rio, da avenida Rebelo Mesquita à dos Descobrimentos.
Centro nanotecnológico custará 2,3 milhões de euros
O edifício que vai albergar o CeNTI, que funciona nas instalações do CITEVE, representa um investimento que “poderá ascender” aos 2,3 milhões de euros, indica a Lusa. A obra foi “adjudicada por 1,3 milhões de euros, com um prazo de execução de cinco meses”. Depois, numa segunda fase que poderá levar dois anos, existirá um investimento “entre os 700 mil e o milhão de euros”, indica, citando o CEO do CeNTI, Braz Costa. “As novas instalações são absolutamente essenciais, não só porque o CeNTI já ocupou tudo o que havia para ocupar, mas também porque o CITEVE precisa dos espaços que o CeNTI está a ocupar”, referiu à agência.
Para Paulo Cunha, a criação do novo espaço permitirá a criação “de emprego indirecto” em Famalicão. Numa carta dirigida aos hortelãos, presente no comunicado de imprensa do município, o presidente salientou a contribuição dos dois centros para a “dinâmica concelhia”, mas também para a “criação de emprego” na comunidade. Ainda assim, o presidente do município reconhece ao PÚBLICO existir “um descontentamento compreensível” por parte dos hortelãos relativo às novidades. “Era uma reacção esperada. Mas apelo à capacidade das pessoas para perceberem os motivos [para a relocalização] e estou seguro de que as novas hortas ficarão à altura das exigências”, assegura.
Face à devolução de parte dos terrenos e com a nova extensão da cedência dos mesmos para 100 anos, o autarca garante que uma situação semelhante não deverá acontecer no futuro. “Acho que está fora de hipóteses. Uma coisa é usar as hortas; outra, é usar o parque. O Parque da Devesa mantém-se intacto, não haverá redução. Está fora de hipótese de abdicar de algum território do parque”, frisa.