Dowland e Nuno Côrte-Real: caminhos cruzados entre o passado e o presente

Ana Quintans e o Ensemble Darcos dão voz ao delicado e melancólico universo musical isabelino revisitado por Nuno Côrte-Real.

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O século XXI procurando pontes com o universo isabelino DR

Time Stands Still, título de uma das mais belas canções de John Dowland (1563-1626), é o mote deste belo projecto concebido pelo compositor Nuno Côrte-Real (n. 1971) na sequência de uma encomenda do CCB para os Dias da Música de 2019, cuja edição era dedicada a Shakespeare. A música para voz e alaúde de John Dowland, contemporâneo do imortal dramaturgo inglês e um dos mais talentosos compositores do período isabelino, inspirou a Côrte-Real uma série de arranjos que preservam as melodias vocais, ao mesmo tempo que propõe novas instrumentações que estabelecem um diálogo que põe em sintonia o passado e o presente. A voz admirável, a refinada sensibilidade e a elegante arte de frasear da soprano Ana Quintans contam com a cumplicidade do Ensemble Darcos, que o compositor fundou em 2002 e que no caso deste ciclo incorpora também alguns instrumentos de sopro, harpa, piano e percussão, para além das habituais cordas friccionadas a que o nome do grupo faz alusão. Afirmam-se assim como intérpretes privilegiados de uma viagem no tempo em que o olhar do século XXI procura sobretudo pontes e afinidades expressivas com o universo melancólico da música isabelina em vez de incursões mais ousadas ou rupturas em termos de linguagem musical.

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Time Stands Still, título de uma das mais belas canções de John Dowland (1563-1626), é o mote deste belo projecto concebido pelo compositor Nuno Côrte-Real (n. 1971) na sequência de uma encomenda do CCB para os Dias da Música de 2019, cuja edição era dedicada a Shakespeare. A música para voz e alaúde de John Dowland, contemporâneo do imortal dramaturgo inglês e um dos mais talentosos compositores do período isabelino, inspirou a Côrte-Real uma série de arranjos que preservam as melodias vocais, ao mesmo tempo que propõe novas instrumentações que estabelecem um diálogo que põe em sintonia o passado e o presente. A voz admirável, a refinada sensibilidade e a elegante arte de frasear da soprano Ana Quintans contam com a cumplicidade do Ensemble Darcos, que o compositor fundou em 2002 e que no caso deste ciclo incorpora também alguns instrumentos de sopro, harpa, piano e percussão, para além das habituais cordas friccionadas a que o nome do grupo faz alusão. Afirmam-se assim como intérpretes privilegiados de uma viagem no tempo em que o olhar do século XXI procura sobretudo pontes e afinidades expressivas com o universo melancólico da música isabelina em vez de incursões mais ousadas ou rupturas em termos de linguagem musical.