É tempo de cuidar à mesa

Experimentar combinar, de forma nova, os ingredientes e os elementos do prato, dar nome às sopas, fazer as refeições em conjunto, seleccionar um dia para “pôr a mesa” de modo diferente. Cuidarmo-nos, também pela alimentação e pela atenção aos que irão precisar de apoio alimentar.

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Ella Olsson/Unsplash

Arriscamos rupturas económicas e sanitárias. Sabemos que as doenças crónicas são agravantes do risco de sintomatologia mais grave na covid-19. E temos a alimentação e o estilo de vida como precursores de algumas delas.

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Arriscamos rupturas económicas e sanitárias. Sabemos que as doenças crónicas são agravantes do risco de sintomatologia mais grave na covid-19. E temos a alimentação e o estilo de vida como precursores de algumas delas.

É tempo de cuidar. Cuidar do tempo em casa, dos nossos e de nós.

A alimentação é base do bem-estar e é facilitadora do bom estado de saúde. É também um dos aspectos da gestão do dia-a-dia em casa que mais é afectada pelo tempo de confinamento. A organização das refeições entre o teletrabalho e a família. O aumento avassalador do apetite ou o seu desaparecimento. Os nós na garganta e a insatisfação profunda. O frigorífico e os armários a esvaziar, as compras online, as entregas em casa e a pressão do orçamento familiar. A monotonia, as alterações de paladar e olfacto, o sal, o açúcar, a gordura e o álcool. A falta de companhia ou a saturação dos que vivem connosco.

É tempo de simplificar, de treinar a mudança que aspiramos para a nossa casa, de rever a gestão do que é essencial, de adaptar, de experimentar, de reconstruir, cuidando-nos. Cuidar o sentido de casa, cuidar do essencial, cuidar da saúde, cuidar das relações, cuidar da alimentação.

É tempo de, pela poupança, escolher a saúde e, pela gestão, a harmonia e o sabor.

Fazer um plano de refeições, inserir algumas sem carne, procurar (online) produtores de proximidade, comprar embalagens familiares e produtos menos processados. Preferir feijão e grão secos a enlatados, couve inteira à congelada ou embalada, farinha a bolachas, queijo por fatiar. Escolher a fruta e os hortícolas tendo em atenção o preço. Procurar produtos frescos nas mercearias mais pequenas, nos projectos de apoio a produtores/criadores/pescadores ou directamente aos mesmos. Estratégias mais económicas, mais saudáveis e que permitem cuidar. Cuidar de nós e dos outros. Da economia local e da de nossas casas. Da saúde, da felicidade e do ambiente.

É tempo de procurar ajuda, mesmo que seja online. De rever o estilo de vida. De iniciar a adiada alteração de hábitos alimentares , de viajar pela cozinha, de experimentar receitas novas, de dividir tarefas, de incluir as crianças nestes processos, de ensinar e de aprender.

Nutrir o dia maioritariamente com produtos de base vegetal – fruta fresca, crua ou cozinhada (sem adoçantes), seca ou desidratada, hortícolas crus como snack ou lanche, nas saladas, nos cozinhados e em sopa, leguminosas, cereais, tubérculos, frutos oleaginosos. Completar (para os não vegan) com leite e derivados, ovos (de galinha ou de outra ave), pescado e carne. Hidratar com água, infusões ou tisanas. Controlar, minimizar ou prescindir da cafeína e do álcool.

Deixar de parte os empacotados com lista múltipla de ingredientes e que conjugam açúcar, gordura e aditivos. Treinar a diminuição da utilização de gordura, sal e açúcar, substituindo-os pelos cozinhados que aproveitam a água libertada pelos alimentos, as especiarias e ervas aromáticas, a doçura natural da fruta.

Experimentar combinar, de forma nova, os ingredientes e os elementos do prato, dar nome às sopas, fazer as refeições em conjunto, seleccionar um dia para “pôr a mesa” de modo diferente.

Cuidarmo-nos, também pela alimentação e pela atenção aos que irão precisar de apoio alimentar. Cuidemo-nos.