Covid-19: equipa da OMS visitou o mercado de Wuhan onde as primeiras pessoas foram infectadas
Especialistas voltaram a ser impedidos de falar com a imprensa, mas dizem que a visita foi importante para determinar as origens do vírus SARS-CoV-2.
A equipa de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) que está a investigar as origens da covid-19 visitou o mercado de Huanan este domingo, o centro de venda de peixe e marisco a retalho agora encerrado no centro da cidade chinesa de Wuhan onde o novo coronavírus foi detectado inicialmente.
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A equipa de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) que está a investigar as origens da covid-19 visitou o mercado de Huanan este domingo, o centro de venda de peixe e marisco a retalho agora encerrado no centro da cidade chinesa de Wuhan onde o novo coronavírus foi detectado inicialmente.
A equipa chegou a Huanan rodeada de fortes medidas de segurança, com barricadas adicionais erguidas no exterior e deixou o mercado ao fim de uma hora. Os especialistas não responderam a perguntas dos jornalistas.
Desde que terminaram a quarentena de duas semanas na quinta-feira, a equipa visitou hospitais e mercados, bem como uma exposição que celebra a batalha de Wuhan contra o vírus, que incluiu o isolamento da cidade de 11 milhões de habitantes de 76 dias.
“Visitas a locais muito importantes hoje, um mercado de retalho primeiro e o Mercado de Frutos do Mar de Huanan agora. É muito importante e informativo para a nossa equipa conjunta para perceber a epidemiologia da covid-19 quando estava a começar a propagar-se no final de 2019”, escreveu o membro da equipa, Peter Daszak, no Twitter.
A OMS, que tem tentado gerir as expectativas em relação a esta missão, disse na sexta-feira que os membros da equipa vão estar limitados às visitas organizadas pelas autoridades chinesas e não terão qualquer contacto com a comunidade por causa das restrições sanitárias.
Não foi divulgado o itinerário completo das duas semanas de trabalho de campo e os jornalistas que cobrem a visita têm sido mantidos à distância da equipa.
O acesso público ao Mercado de Retalho de Frutos do Mar de Huanan foi restringido desde o seu encerramento no início do ano passado. Antes do seu fecho, o mercado fervilhava com centenas de bancadas divididas entre secções de venda de carne, marisco e vegetais. Agora é um marco numa cidade que ficou traumatizada por ter sido o epicentro original do que acabou por se tornar numa pandemia.
A 31 de Dezembro de 2019, depois de quatro casos de uma pneumonia misteriosa terem sido relacionados com o mercado, foi fechado subitamente. No final de Janeiro, Wuhan entrava num isolamento que iria durar 76 dias.
Os especialistas dizem que o mercado de Huanan ainda tem importância para identificar as origens do vírus, uma vez que o primeiro conjunto de casos foi ali detectado.
A investigação liderada pela OMS em Wuhan tem sido marcada por atrasos, preocupações com o acesso a informação, e com diferendos entre a China e os EUA, que acusam Pequim de ter escondido o surto inicial e criticam os termos da visita, que permitiu que especialistas chineses conduzissem a primeira fase de pesquisa.
As origens do vírus tornaram-se altamente politizados, e alguns diplomatas e medias estatais chineses têm divulgado teorias de que o vírus poderá ter surgido noutro país.
A equipa da OMS deveria ter chegado a Wuhan no início de Janeiro, e o atraso da visita pela China deu origem a raras críticas públicas do director do organismo, que foi acusado pelo ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, de ser “controlado pela China”.