Já parou para pensar quantas vezes diz “não” ao seu filho?

Todos nós dizemos demasiados “nãos” porque muitas vezes é uma resposta automática e também porque está gravado em nós todos aqueles “nãos” que ouvimos na nossa infância.

Foto
Nathan Dumlao/Unsplash

Já reparou quantas vezes diz que “não” ao seu filho? O primeiro instinto dos pais é, normalmente, dizer que não, e por isso estima-se que as crianças ouvem entre 50 a 80 vezes por dia essa palavra! Imagine-se a si próprio a ouvir tantas vezes um não a tudo aquilo que queria fazer, bem complicado não acha? Há uma dúvida recorrente dos pais que vêm às nossas consultas é como é que podem utilizar o seu “não” sem recorrer à ameaça. Na verdade, todos nós dizemos demasiados “nãos” porque muitas vezes é uma resposta automática e também porque está gravado em nós todos aqueles “nãos” que ouvimos na nossa infância. Todos os pais desejam que os seus filhos simplesmente aceitem quando lhes pedimos que façam alguma coisa e que concordem facilmente quando dizemos que não. No fundo queremos que eles cooperem connosco.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Já reparou quantas vezes diz que “não” ao seu filho? O primeiro instinto dos pais é, normalmente, dizer que não, e por isso estima-se que as crianças ouvem entre 50 a 80 vezes por dia essa palavra! Imagine-se a si próprio a ouvir tantas vezes um não a tudo aquilo que queria fazer, bem complicado não acha? Há uma dúvida recorrente dos pais que vêm às nossas consultas é como é que podem utilizar o seu “não” sem recorrer à ameaça. Na verdade, todos nós dizemos demasiados “nãos” porque muitas vezes é uma resposta automática e também porque está gravado em nós todos aqueles “nãos” que ouvimos na nossa infância. Todos os pais desejam que os seus filhos simplesmente aceitem quando lhes pedimos que façam alguma coisa e que concordem facilmente quando dizemos que não. No fundo queremos que eles cooperem connosco.

Felizmente, é possível ajudar as crianças a cooperar sem recorrer a gritos, ameaças ou manipulações. Como substituir o tão automático “não”, por um “sim” e outros truques? Não proponho que deixe de dizer não, mas sabe-se que uma abordagem mais positiva nos conecta mais aos nossos filhos, fá-los sentir-se mais autónomos e independentes e permite-lhes saber que, no fundo, respeitamos os seus sentimentos e desejos — embora respeitar não queira dizer ceder a tudo o que nos pedem.

Não se esqueça ainda que muitos “nãos” aumentam a frustração ao longo do dia e tornam o seu filho mais propenso a birras recorrentes. No entanto, nunca se esqueça que as crianças necessitam de limites consistentes. Estes dão à criança uma sensação de segurança e protecção.

Seguem alguns segredos para evitar os milhões de “nãos” e promover mais “sins”:

1. Seja concreto e específico no que deseja que a criança faça 
As crianças ainda estão a aprender a pensar e a entender instruções. Para uma criança o “não” transmite alguma desaprovação, será melhor utilizar uma instrução mais especifica.

2. Minimize a necessidade de dizer não
Por exemplo, veja se a sua casa é um ambiente propício para crianças ou se é um ambiente em que precisa constantemente de dizer que não a tudo o que o seu filho toca.

3. Redireccione a sua atenção
Afastar o seu filho do foco de conflito é muitas vezes necessário para evitar uma tempestade, como “Vamos ali ver o peixinho ao aquário e mais tarde voltamos a fazer isto”.

4. Use palavras que transmitem “acção”
“Larga o cabelo do menino” ou “Pára de molhar tudo” fornece informações mais concretas do que dizer que “não”, enquanto continua a transmitir a mensagem de que o que ele está a fazer não está bem. Digamos que a gramática da construção da frase na negativa pode ser confusa para crianças pequenas.

5. Dê alternativas positivas
O que gostaria que o seu filho fizesse em vez da acção proibida? Uma instrução positiva permite que ela saiba como se comportar de maneira a obter a sua aprovação.

6. Dê explicações simples
As crianças não conseguem seguir argumentos complicados, seguem melhor explicações simples (“Bater na televisão pode partir”) ajudam a entender. A palavra “perigo”, quando é realmente perigoso, costuma funcionar muito melhor que um não. Diga: “Atenção, perigo!” ou “O fogo é perigoso, queima”.

7. Tenha um sinal de aviso
Uma frase ou som que indica que ele está no caminho errado. “Haaammm, stop, alto lá!” Muitas vezes ao ouvirem estas interjeições os nossos filhos param imediatamente porque são mais chamados atenção do que com um simples e automático “não”.

8. Pergunte-lhe a regra que definiram 
Quando a criança viola uma regra que aprendeu, pergunte-lhe qual é que foi a regra que estipularam. Isso ajuda a reforçar que ela conhece a regra, e os pais não estão a ficar zangados, estão sim a dar a oportunidade de corrigir e fazer o que é certo.

9. Peça um tempo para pensar
Diga, “deixa-me pensar um pouco”. Na verdade, este tempo será importante para avaliar a situação e ponderar a sua resposta.

10. Dizer: “Sim, mas…”
Pode dizer: “Sim vamos brincar mas primeiro vamos arrumar este brinquedo que já não estamos a usar.”  Isto ajuda a gerir o desejo de conseguir o que quer, mas cumprindo as nossas regras.

11. Ponha o seu filho a argumentar
“Por que razão devo deixar fazer isso?” Estimule assim a capacidade argumentativa do seu filho, algo tão importante para o seu futuro. Fica com algum tempo para ponderar se pode ou não, enquanto estimula o seu cérebro.

12. Crie o frasco do “sim”
Pode colocar num frasco vários pequenos prémios, como uma goma saudável, um pequeno brinquedo, ir dar um passeio ao parque, etc., e aproveite para, de vez em quanto, elogiar e dar os parabéns ao seu filho pelo seu comportamento. A criança adora quando recebe algo inesperado. Isto não é só reforçar positivamente, é algo que todos nós gostamos.

Os “nãos” às vezes continuam a ser necessários e saiba que pode e deve dizer não quando: alguém pode sair magoado, quando é algo perigoso, quando é algo que está fora do seu alcance e quando é algo que eles mesmos sabem e podem fazer sozinhos e com pouco esforço.

Esteja sempre consciente de que dizer mais “sins” irá ter um óptimo impacto no seu filho. Dizer que sim muitas vezes não é fácil mas vale a pena o esforço! Perceba que todos os dias pode melhorar a sua relação com o seu filho e ao final de algum tempo terá um ambiente familiar bem mais saudável.


For Babies Brain by Clementina é um parceiro do Pares do Ímpar. Os conteúdos publicados são da responsabilidade da autora. Pares do Ímpar é um projecto de parceria entre o PÚBLICO e criadores independentes de conteúdos em áreas especializadas, complementares ao alinhamento editorial do Ímpar.