Itália trava venda de mísseis à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos

Governo italiano diz que a decisão é um contributo para a pacificação do Iémen, que as Nações Unidas dizem ser o palco do “maior desastre humanitário do mundo”.

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Na guerra no Iémen já morreram mais de 230.000 pessoas, entre as quais 13.000 civis YAHYA ARHAB/EPA

O Governo italiano travou a venda de milhares de mísseis à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, anunciou, esta sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio.

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O Governo italiano travou a venda de milhares de mísseis à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, anunciou, esta sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio.

Segundo o responsável, a decisão foi tomada na sequência do compromisso de Roma com vista à restauração da paz no Iémen, onde já morreram mais de 230.00 pessoas, incluindo 13.000 civis.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos fazem parte de uma coligação que tem combatido os houthis do Iémen desde 2015, num conflito que é visto como uma guerra por procuração entre sauditas e iranianos.

As Nações Unidas referem-se à guerra no Iémen como “a maior crise humanitária no mundo” e estimam que 80% da população precise de ajuda.

“É uma decisão que considerávamos ser necessária, e é uma mensagem clara do nosso país em prol da paz. Para nós, o respeito pelos direitos humanos é um compromisso inviolável”, disse Di Maio.

A organização Rede Italiana para a Paz e o Desarmamento disse que a decisão do Governo de Roma trava a venda de 12.700 mísseis à Arábia Saudita.

O lote de mísseis faz parte de um contrato assinado em 2016 pelo Governo de Matteo Renzi para a venda de 20.000 mísseis, num total de 400 milhões de euros.

Renzi, que causou o colapso do Governo de Roma, esta semana, ao retirar o apoio do seu Italia Viva ao primeiro-ministro, Giuseppe Conte, está a ser criticado por ter dito ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que via no reino o local de um “Novo Renascimento”.