Covid-19: vacinação de pessoas a partir dos 80 anos arranca para a semana. Enfermeiros vão a casa, se necessário

Vão ser vacinados mil titulares de órgãos de soberania e cargos essenciais. Vacinação deixa de ser feita em circuito fechado, com a abertura de postos nos agrupamentos dos centros de saúde, em Fevereiro, e em cada concelho, até ao início de Março.

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Daniel Rocha

As pessoas a partir dos 80 anos, mesmo sem doenças, começam a ser vacinadas contra a covid-19 a partir da próxima semana. Equipas móveis de vacinação com enfermeiros dos centros de saúde irão ao domicílio, em caso de necessidade, e espera-se que metade dos idosos já tenha sido inoculada com as duas doses até ao final de Março, se as entregas previstas das vacinas da AstraZeneca, da Pfizer e da Moderna se confirmarem, adiantou esta quinta-feira o coordenador do grupo de trabalho (task force) responsável pela execução do plano nacional de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, no balanço do primeiro mês da operação.

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As pessoas a partir dos 80 anos, mesmo sem doenças, começam a ser vacinadas contra a covid-19 a partir da próxima semana. Equipas móveis de vacinação com enfermeiros dos centros de saúde irão ao domicílio, em caso de necessidade, e espera-se que metade dos idosos já tenha sido inoculada com as duas doses até ao final de Março, se as entregas previstas das vacinas da AstraZeneca, da Pfizer e da Moderna se confirmarem, adiantou esta quinta-feira o coordenador do grupo de trabalho (task force) responsável pela execução do plano nacional de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, no balanço do primeiro mês da operação.

Esta é, sublinhou, “provavelmente a mais importante” alteração do plano de vacinação, e a decisão justifica-se porque aumentou a incidência da doença neste grupo etário.

Mil titulares de órgãos de soberania e de cargos essenciais vão também ser vacinados nesta primeira fase e serão indicados pelas próprias entidades, acrescentou Francisco Ramos. Nesta altura, já há 57 mil profissionais de saúde com a vacinação completa (duas tomas), e, das mais de 400 mil doses das vacinas da Pfizer e da Moderna que chegaram entretanto a Portugal, foram já administradas 252 mil, com 74 mil pessoas com o processo completo, contabilizou. Juntam-se a estes cerca de 2300 profissionais do sector privado e das misericórdias com uma dose administrada.

Questionado sobre a vacinação de pessoas que não cumprem critérios de prioridade, o coordenador adiantou que a partir da próxima semana a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde vai levar a cabo uma série de auditorias para fiscalizar o cumprimento do plano e assegurar que apenas é vacinado prioritariamente que tem direito a isso.

Até ao final de Março, a task force espera que já estejam vacinadas por completo 810 mil pessoas e que 520 mil tenham iniciado a vacinação com a primeira toma, se o calendário das entregas for cumprido.

Estas previsões partem do pressuposto de que no primeiro trimestre cheguem a Portugal 1,5 milhões de doses, o que fica dependente em grande parte das entregas da AstraZeneca, cuja vacina deverá ser aprovada esta sexta-feira pela Agência Europeia do Medicamento. Para o segundo trimestre está prevista a chegada de mais 5 milhões de doses das vacinas da Pfizer, da Moderna e da AstraZeneca. 

Até ao momento, foram notificadas 1332 reacções adversas à vacina, nomeadamente tumefacção do braço e dor de cabeça. “Não houve até hoje nenhuma notificação de reacções que não estivesse prevista. Este valor de 0,65 reacções adversas por 100 vacinados é um valor que está em linha com os dados provisórios que conhecemos do resto da Europa”, explicou o coordenador do grupo de trabalho.

Pontos de vacinação

Com o reforço na chegada de vacinas a Portugal, arranca também a vacinação dos grupos inicialmente definidos como prioritários, nomeadamente as pessoas com mais de 50 anos com doenças com maior risco associado à covid-19 (doença coronária, insuficiência renal e cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crónica).

No final de Março, se tudo correr como previsto, estarão completamente vacinados todos os residentes e profissionais de lares, metade do grupo de 600 mil pessoas com mais de 50 anos e doenças de maior risco para a covid-19, 120 mil profissionais de saúde, 21 mil elementos das forças armadas e de outros serviços críticos, calcula Francisco Ramos. A estes juntam-se mais meio milhão de pessoas com a primeira toma da vacina administrada.

Mas para que este processo seja possível deixa de ser feito “em circuito fechado” como até agora e vai ser necessário abrir pontos de vacinação no país. Em Fevereiro pretende-se que haja pelo menos um ponto de vacinação por agrupamento de centros de saúde e, até ao início de Março, um ponto de vacinação por concelho.

As pessoas que não são seguidas no Serviço Nacional de Saúde terão de ter uma declaração médica electrónica que funcionará como uma receita médica, explicou. O utente será posteriormente contactado por SMS com uma proposta de data e de local para vacinação. 

Já depois de ter sido apresentado o balanço, a Ordem dos Médicos (OM) e as duas estruturas sindicais que representam os clínicos voltaram a criticar esta quinta-feira a forma como a vacinação está a decorrer. O bastonário da OM, Miguel Guimarães, disse ter recebido "centenas de mensagens de pessoas a contestar” a definição dos grupos prioritários.

Há “dezenas de milhar de médicos que, com indignação, têm assistido a uma gestão meramente política” deste processo, reforçou o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Silva. Dos 143 mil profissionais que trabalham no Serviço Nacional de Saúde, “menos de um terço foram já vacinados”, calculou. “Por cada médico doente são 20 pessoas a mais que morrem”.