Autárquicas: PSD e CDS vão assinar acordo-quadro que exclui Chega de coligações
Rio não vai mudar estratégia nem fazer “discurso violento à direita” para ganhar votos.
Os presidentes do PSD e do CDS-PP anunciaram nesta quarta-feira que vão assinar até meados de Fevereiro um acordo-quadro para as autárquicas que exclui a possibilidade de coligações com o Chega.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os presidentes do PSD e do CDS-PP anunciaram nesta quarta-feira que vão assinar até meados de Fevereiro um acordo-quadro para as autárquicas que exclui a possibilidade de coligações com o Chega.
No final de uma reunião de cerca de hora e meia, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos não quiseram referir-se nem a municípios concretos nem balizaram o número de coligações pré-eleitorais que esperam alcançar, que estará dependente da vontade das estruturas locais e da aceitação das direcções nacionais.
“Este acordo não vai dizer que só há coligações com o CDS e com mais ninguém (...). A única questão que estamos de acordo é que não haverá com o Chega, mas, tirando o Chega, logo se verá”, explicou Rui Rio, salientando que “há muito” que rejeitou essa hipótese e que esta posição nada tem a ver com os resultados das presidenciais.
Questionado sobre a razão dessa exclusão do partido liderado por André Ventura, Rio respondeu: “O Chega, para ter conversas com o PSD, tem de se moderar. O Chega não se tem moderado, não há conversa nenhuma”.
Na mesma linha, também Francisco Rodrigues dos Santos disse já ter sido “peremptório” que “não haverá coligações com o Chega, nem em autárquicas nem em legislativas”. O líder do CDS reuniu-se com Rui Rio no mesmo dia em que respondeu ao pedido do ex-vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes, que, num artigo de opinião, pediu um conselho nacional para marcar eleições internas, por entender que actual direcção não será capaz de estancar a erosão eleitoral dos centristas. Em entrevista à rádio Observador, Rodrigues dos Santos reagiu com um desafiou Mesquita Nunes: “Reúna as assinaturas necessárias para convocar um conselho nacional. Com todo o respeito, publicar artigos no Observador não é uma forma de convocar conselhos nacionais.”
Noutra entrevista, à agência Lusa, o líder do CDS-PP defendeu que uma coligação PSD/CDS-PP nas eleições autárquicas é a “única hipótese” para derrotar o actual presidente da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina, mas recusou adiantar quem poderá ser o candidato.
"Não estou na política a qualquer preço”, diz Rio
Rui Rio assegurou que não vai mudar de estratégia face aos resultados das presidenciais de domingo nem fazer um discurso violento à direita para captar mais votos nesse espaço político. Questionado pelos jornalistas sobre se os 11,9% obtidos por André Ventura poderiam obrigar a uma mudança de estratégia do centro-direita, o presidente do PSD respondeu: “Se estão à espera que vá fazer agora um discurso à direita e violento para ir tentar captar uns votos que vêm com esse discurso violento à direita, esse não é o discurso do PSD, muito menos o meu. Teria então o PSD de ter um líder diferente para se colocar lá à direita. Era capaz era de perder os votos moderados... “.
O líder social-democrata admitiu que pode haver “pormenores de ordem táctica” a acertar, mas assegurou que “a estratégia e a ideologia não mudam”. “Não podem esperar que um líder do PSD desate com um discurso radical à direita. Eu não estou na política a qualquer preço, para qualquer discurso. Temos um espaço e o nosso espaço é, sobretudo, ao centro”, acrescentou.