Polícia russa faz buscas nas casas de Navalny e dos seus aliados a poucos dias de novos protestos

Irmão do opositor russo foi detido e a sede da Fundação Anticorrupção também foi alvo das autoridades. Há protestos marcados para domingo para exigir a libertação de Navalny, que vai saber na próxima terça-feira (2 de Fevereiro) se a sua pena suspensa é convertida em prisão efectiva.

Foto
Polícia a entrar no apartamento de Alexei Navalny, onde também vive a sua mulher, Yulia Navalnaya EPA/SERGEI ILNITSKY

A polícia russa fez buscas esta quarta-feira na casa de Alexei Navalny, nos apartamentos de familiares e aliados do opositor russo e nas instalações da Fundação Anticorrupção, poucos dias depois dos maiores protestos na Rússia dos últimos anos, que levaram à detenção de quase quatro mil pessoas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A polícia russa fez buscas esta quarta-feira na casa de Alexei Navalny, nos apartamentos de familiares e aliados do opositor russo e nas instalações da Fundação Anticorrupção, poucos dias depois dos maiores protestos na Rússia dos últimos anos, que levaram à detenção de quase quatro mil pessoas.

Entre os alvos da polícia estiveram os apartamentos de Navalny e da sua mulher, Yulia Navalnaya, do seu irmão, Oleg, que está sob custódia policial, da advogada Liubov Sobov e da assessora de imprensa Kira Yarmysh.

Visado pela polícia foi também a sede da Fundação Anticorrupção, cuja equipa, chefiada por Alexei Navalny, divulgou recentemente um vídeo a acusar Vlamidir Putin de ser proprietário de um palácio numa gigantesca propriedade nas margens do Mar Negro, envolvendo o Presidente russo num caso de corrupção e enriquecimento ilícito. Putin nega as acusações e garante que o palácio não é seu.

As buscas desta quarta-feira surgem na sequência dos protestos do último domingo em dezenas de cidades russas, com especial dimensão em Moscovo e São Petersburgo, quando dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para exigir a libertação imediata de Alexei Navalny, detido no passado dia 17 de Janeiro, cinco meses depois de ter estado na Alemanha a recuperar de um envenenamento com novichok.

Os protestos levaram a confrontos entre manifestantes e polícia, que fez mais de 3900 detenções. As autoridades abriram entretanto uma investigação por alegadas violações às restrições impostas para conter a pandemia de covid-19 e estão também a investigar o incentivo à participação de menores de idade nas manifestações, prometendo multar as redes sociais que divulguem apelos a protestos.

Alexei Navalny, um advogado de 44 anos que nos últimos anos tem sido o rosto da oposição a Vladimir Putin, está desde 2014 a cumprir uma pena suspensa de três anos e meio. Assim que voltou da Alemanha, foi imediatamente detido e pode ver a sua sentença agravada.

Esta quinta-feira, Navalny vai comparecer novamente perante os tribunais para saber se pode aguardar em liberdade pela sua audiência, marcada para a próxima terça-feira, 2 de Fevereiro, quando o opositor vai ficar a saber se sua pena suspensa é convertida em prisão efectiva. 

As buscas e detenções de aliados do opositor russo são, por isso, encaradas como uma forma adicional de pressionar Navalny, enquanto o Kremlin pondera se arrisca ou não uma sentença dura para o seu principal crítico, ciente de que o pode transformar num mártir, escreve o The Guardian.

A detenção de Navalny aumentou a tensão entre a Rússia e o Ocidente, com a União Europeia e os Estados Unidos a exigerem a libertação imediata do opositor russo e a equacionarem medidas retaliatórias contra o Kremlin.

Na próxima semana, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, viaja até Moscovo para pressionar Vladimir Putin, enquanto o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, entre outros temas, manifestou preocupação com a detenção de Navalny na primeira conversa telefónica com o seu homólogo russo.

Para o próximo domingo, os aliados de Navalny convocaram novos protestos, que o Kremlin já disse serem ilegais.