Países Baixos enfrentam maiores protestos dos últimos 40 anos devido ao recolher obrigatório
Ao fim de três dias de protestos violentos nas ruas de várias cidades do país já há quase 500 detidos e os manifestantes não parecem recuar.
Três dias de protestos contra as medidas de confinamento decretadas pelo Governo holandês por causa da pandemia do covid-19 redundaram, na noite de segunda-feira, madrugada desta terça-feira, nos maiores protestos em 40 anos nos Países Baixos. Centenas de pessoas foram detidas, após confrontos com as autoridades – quase 500 nos últimos três dias e 184 na última noite, segundo a polícia.
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Três dias de protestos contra as medidas de confinamento decretadas pelo Governo holandês por causa da pandemia do covid-19 redundaram, na noite de segunda-feira, madrugada desta terça-feira, nos maiores protestos em 40 anos nos Países Baixos. Centenas de pessoas foram detidas, após confrontos com as autoridades – quase 500 nos últimos três dias e 184 na última noite, segundo a polícia.
A polícia antimotim foi colocada nas ruas em dez cidades, com a maioria dos agentes com poderes reforçados pelas medidas de excepção para revistarem pessoas. Grupos de manifestantes provocaram incêndios, destruíram lojas e entraram em confrontos com estes agentes policiais.
De acordo com as autoridades, os piores confrontos aconteceram em Amesterdão, na cidade portuária de Roterdão, em Amersfoort, no Leste, e na pequena cidade de Geleen, no Sul do país, perto de Maastricht.
“Tivemos distúrbios no passado, mas é raro termos isto durante várias noites e em todo o país”, disse esta terça-feira a porta-voz da polícia nacional, Suzanne van de Graaf. “Não é apenas em zonas conhecidas por serem problemáticas, é mais generalizado.”
A maioria dos manifestantes são jovens até aos 30 anos, convocados através das redes sociais e, dizem os media holandeses, com apelos à desobediência às ordens de confinamento, com violência, se for preciso.
Os protestos começaram logo no sábado, quando o Governo impôs o primeiro recolher obrigatório desde a II Guerra Mundial, depois do alerta do Instituto Nacional de Saúde sobre uma nova vaga de infecções relacionadas com a variante britânica do SARS-CoV-2, mais facilmente transmissível.
A medida é contestada pelos manifestantes que a consideram injustificável, tendo em conta que o número de infecções tem vindo a diminuir nas últimas semanas. Desde um pico médio de casos superior a 11 mil na semana de 21 de Dezembro, o número de infectados com o novo coronavírus desceu para pouco mais de 4 mil de média semanal, de acordo com os dados divulgados na segunda-feira.
O primeiro-ministro, Mark Rutte, condenou a “violência criminal” dos manifestantes. “Aquilo que vimos não teve nada a ver com a luta pela liberdade. Não tomámos todas estas medidas por prazer, fizemo-lo porque estamos a lutar contra um vírus e é o vírus que está actualmente a roubar-nos a liberdade”, explicou.
“Não vão escapar às consequências”, afirmou esta terça-feira o ministro da Justiça, Ferd Grapperhaus, sobre os manifestantes que vandalizaram e saquearam lojas: “Roubar as pessoas que estão a lutar, com ajuda do Governo, para se manterem à tona é completamente escandaloso.”
Os protestos começaram no sábado à noite, com uma pequena manifestação na vila de Urk, no Norte do país, na chamada “cintura bíblica” de protestantes conservadores, durante a qual foi incendiado um centro de testes da covid-19. Mas no domingo já se tinha alargado a várias cidades dos Países Baixos.