Pela primeira vez em 40 anos há um populista com dois dígitos, avisa Paulo Portas
Portas notou que, “se fosse bloquista meditaria”, considerando que hoje o BE se poderá ter transformado “num partido algo datado”. Mas também afirmou: “Tenho pena que tenha acontecido com esta candidata”.
O antigo presidente do CDS Paulo Portas avisou, no seu comentário na TVI, nesta noite eleitoral, que, pela primeira vez em 40 anos há um populista com dois dígitos, referindo-se à votação alcançada por André Ventura nestas eleições presidenciais.
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O antigo presidente do CDS Paulo Portas avisou, no seu comentário na TVI, nesta noite eleitoral, que, pela primeira vez em 40 anos há um populista com dois dígitos, referindo-se à votação alcançada por André Ventura nestas eleições presidenciais.
Defendeu que não se deve ignorar que, pela primeira vez em 40 anos, “há um populista, de direita extrema ou extrema-direita, consoante os dias, que tem dois dígitos”.
“Hoje [André Ventura] conquistou dois dígitos. Pode ter sido o momento mais alto. Uma coisa é uma eleição presidencial, em que sabemos que Marcelo Rebelo de Sousa vai ganhar, outra coisa é umas legislativas em que é preciso um partido, mas também há muito voto útil”, disse mais à frente. E acrescentou que, a partir de hoje, “há um facto novo que não se deve desvalorizar e que representa para o PSD, e ainda mais para o CDS, uma questão séria”.
Também notou que, na corrida ao quarto lugar, o único que pode ter um “sorriso” esta noite é o candidato Tiago Mayan. Além disso, frisou que “não foi uma boa noite eleitoral para as candidaturas partidárias à esquerda”.
Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, observou que “tínhamos Presidente da República, temos Presidente da República e amanhã temos um Presidente da República eleito”.
“Quem não quer complicações no meio de tormentas, naturalmente protege a moderação e estabilidade”, disse ainda, acrescentando que Marcelo será o “segundo [PR] reeleito com mais força”. Mais à frente, acrescentou que, “graças a Deus, só houve uma volta, fica o assunto resolvido”.
Paulo Portas afirmou ainda não fazer transposições dos resultados das presidenciais para as legislativas. Ainda assim, considera que o eleitorado do PS será “dois terços centro esquerda moderada e um terço esquerda mais radical”.
Considerou ainda que o resultado de Ana Gomes, mesmo que possa ser significativo, por ser um segundo lugar, fica longe de outras candidaturas independentes de esquerda em Portugal, chamando a atenção para a posição que, a concretizar-se, “ficará abaixo de Fernando Nobre, de Mário Soares, quando correu já depois de ter sido presidente [da República], pela pista de fora, abaixo de Manuel Alegre, um e dois, e abaixo de Sampaio da Nóvoa”.
BE pode estar “datado”
Durante esta noite eleitoral, Paulo Portas defendeu ainda que Tiago Mayan fez uma campanha “inesperada” que a “falta de experiência” até foi “um activo”, uma vez que não podia ser julgado “por mais nada”, por uma “agenda anterior”. E considerou que as únicas duas pessoas que venceram “o tal candidato mais populista” foram os da direita, Tiago Mayan e Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais à frente, disse também que, depois de a pandemia acabar, o país vai precisar “muito de ideias moderadamente liberais”, para Portugal ser “competitivo”.
Portas notou também que, “se fosse bloquista meditaria”, notando que não sabe se não terá sido hoje o dia em que o BE se transformou “num partido algo datado”, acrescentando que em relação ao PCP tal já se sabia.
“Tenho pena que tenha acontecido com esta candidata”, lamentou, referindo-se a Marisa Matias e sublinhando que teve um resultado eleitoral abaixo de outros do mesmo partido.
Também sublinhou, sobre Marcelo Rebelo de Sousa, que não há segundo mandato que seja igual ao primeiro e que, mesmo não sendo diferente, por exemplo, do ponto de vista da cooperação institucional, “objectivamente as circunstâncias serão diferentes”.