Morreu António Cardoso e Cunha, o primeiro comissário europeu português
Ex-ministro da Agricultura e Pescas de Sá Carneiro, foi também responsável pela organização da Expo’98 e presidente da TAP.
O primeiro comissário europeu português, António Cardoso e Cunha, morreu no domingo com 87 anos, disse à agência Lusa um seu antigo assessor e uma fonte do PSD.
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O primeiro comissário europeu português, António Cardoso e Cunha, morreu no domingo com 87 anos, disse à agência Lusa um seu antigo assessor e uma fonte do PSD.
Engenheiro químico de formação e militante do PSD, Cardoso e Cunha foi deputado, ministro da Agricultura e Pescas de governos da AD liderados por Sá Carneiro. Foi também presidente da TAP.
Em 1986, após a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), foi nomeado comissário europeu, cargo que ocupou até 1993.
No final da década de 1990, foi nomeado comissário da Expo'98 e em seguida presidente do conselho de administração da TAP, tendo saído do cargo em 2004 para dar lugar a Fernando Pinto.
A morte do ex-governante e antigo comissário europeu foi assinalada por diversas personalidades e entidades, nesta segunda-feira. Foi o caso do antigo Presidente da República Cavaco Silva, que manifestou o seu “imenso pesar” pela morte do homem que escolheu para primeiro comissário europeu português, agradecendo-lhe “a forma como pôs o seu talento ao serviço de Portugal”.
“Competente, dinâmico, determinado e com excelente capacidade de direcção, fez um bom trabalho em Bruxelas nas pastas que ocupou e, atento à defesa dos interesses nacionais, foi importante para que a integração de Portugal fosse um sucesso”, sublinhou o anterior chefe de Estado.
“O desempenho e a ampla experiência de Cardoso e Cunha em Bruxelas justificou a minha escolha para liderar um dos mais ambiciosos projectos que Portugal conheceu no final do século XX – a realização da Expo’98”, afirmou Cavaco Silva.
Para o ex-Presidente, “é inequívoco que o sucesso da Exposição Internacional de Lisboa, assim como a revolução urbana que mudou radicalmente a fisionomia da zona oriental da cidade se ficam a dever, em primeira linha, à visão, à coragem e à notável capacidade de organização de Cardoso e Cunha”.
Também de Bruxelas vieram palavras de pesar. “Soubemos ontem [domingo] à noite da morte do antigo comissário europeu António Cardoso e Cunha”, disse o porta-voz do executivo comunitário, Eric Mamer, sublinhando que “o seu nome ficará sempre associado à participação de Portugal na construção europeia”.
“Em nome da presidente Von der Leyen e de todo o colégio, gostaria de expressar a nossa simpatia e condolências à família e amigos” de Cardoso e Cunha, que “trouxe ao executivo uma vasta experiência quer no sector público quer no privado”.
Mamer recordou ainda que António Cardoso e Cunha “cumpriu dois mandados sob a presidência de Jacques Delors, primeiro como comissário para as Pescas e depois com uma pasta muito vasta que incluía o pessoal, administração e tradução, energia, pequenas e média empresas e turismo”.
“Lamentamos o falecimento de António Cardoso e Cunha, que foi o primeiro membro da Comissão Europeia proposto por Portugal. Apresentamos condolências à sua família”, lê-se também numa mensagem divulgada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros no Twitter.
A actual comissária portuguesa, Elisa Ferreira, recorreu igualmente ao Twitter para manifestar condolências à família e amigos, sublinhando que o nome de Cardoso e Cunha “ficará para sempre associado à participação portuguesa na UE”.