INE: Investimento empresarial cai 16,3% em 2020

Empresas exportadoras diminuíram volume de investimento em 18,2%. Em 2021, recuperação para o conjunto do universo empresarial será de apenas 3,5%, não chegando a compensar a queda do ano passado

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Investimento deverá continuar em queda na indústria automóvel em 2021 Miguel Manso

O investimento empresarial deverá ter sofrido em 2020 uma queda de 16,3%, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). As perspectivas para 2021 apontam para que só uma pequena parte seja recuperada este ano, com um crescimento de 3,5%, prevendo-se a continuação de uma “redução significativa do investimento” entre as empresas de menor dimensão.

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O investimento empresarial deverá ter sofrido em 2020 uma queda de 16,3%, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). As perspectivas para 2021 apontam para que só uma pequena parte seja recuperada este ano, com um crescimento de 3,5%, prevendo-se a continuação de uma “redução significativa do investimento” entre as empresas de menor dimensão.

“De acordo com os resultados apurados no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de Outubro de 2020 (com período de inquirição entre 1 de Outubro de 2020 e 14 de Janeiro de 2021)”, a queda nominal de 16,3%, reflecte uma “redução expressiva face às perspectivas reveladas no inquérito anterior”, realizado entre Abril e Junho, em que a redução foi de 8,9%.

Contrasta também com as perspectivas de crescimento de 3,6%, evidenciadas no inquérito de Outubro de 2019. “Esta evolução das perspectivas de investimento para 2020 entre os diferentes momentos de inquirição reflecte, em grande medida, os efeitos da pandemia covid-19 na actividade económica, que conduziram ao cancelamento ou adiamento das decisões de investimento”, assinala o INE.

Segundo o instituto estatístico, “a revisão em baixa atingiu maior expressão entre as grandes empresas”, aquelas com 500 ou mais pessoas ao serviço, ou as do escalão seguinte, que empregam entre 250 a 499 pessoas. Estas “terão cancelado ou adiado decisões de investimento”. No caso das empresas exportadoras, “estima-se uma diminuição de 18,2% do investimento em 2020”.

A secção de indústria transformadora registou o contributo negativo mais expressivo no ano passado, em resultado de uma variação de -18,7% (com quedas mais acentuadas nas subsecções de Indústrias Alimentares, das Bebidas e do Tabaco e de Indústrias Metalúrgicas de Base e Fabricação de Produtos Metálicos), mas registaram-se “ligeiros contributos positivos nas restantes secções”, incluindo um aumento de 9,5% na secção Construção.

São as respostas das maiores empresas que permitem perspectivar a recuperação parcial do investimento para este ano. “Este crescimento centra-se nas empresas pertencentes ao 4.º escalão [500 ou mais trabalhadores], que projectam um aumento do investimento em 10,5%”, e nas do 3.º escalão (entre 250 e 499 trabalhadores), com uma variação da formação bruta de capital fixo de 19% em 2021.

“As perspectivas das empresas dos restantes escalões (pequenas e médias empresas) apontam para a continuação da redução significativa do investimento em 2021, embora menos intensa que a registada em 2020”.

No caso das indústrias transformadoras, o INE revela que as expectativas reveladas pelas empresas indicam, para este ano, “um novo decréscimo do investimento (menos 6,9%), traduzindo-se numa diminuição menos intensa que a estimada para 2020 (menos 18,7)”.

Em nove das 14 subsecções, o investimento continuará em queda, “destacando-se o contributo mais negativo da subsecção Fabricação de Veículos Automóveis e de outro Equipamento de Transporte”, em que a variação será de -36,5%.