Um em cada três infectados com covid-19 não sabe que tem o vírus
A conclusão baseia-se em 61 estudos sobre mais de 1,8 milhões de casos de covid-19.
Pelo menos um terço das pessoas infectadas com o vírus que causa a covid-19 não o sabem, sendo necessário pensar noutras formas de controlar a propagação da covid-19. O alerta surge numa revisão da literatura publicada há dias na revista académica Annals of Internal Medicine com base em 61 estudos científicos e relatórios sobre mais de 1,8 milhões de casos do novo coronavírus. A análise foi feita por uma equipa do Centro de Investigação Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos.
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Pelo menos um terço das pessoas infectadas com o vírus que causa a covid-19 não o sabem, sendo necessário pensar noutras formas de controlar a propagação da covid-19. O alerta surge numa revisão da literatura publicada há dias na revista académica Annals of Internal Medicine com base em 61 estudos científicos e relatórios sobre mais de 1,8 milhões de casos do novo coronavírus. A análise foi feita por uma equipa do Centro de Investigação Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos.
Até então, as estimativas da Organização Mundial da Saúde apontavam para valores entre 6% e 41%.
“As estratégias de controlo para a covid-19 devem ser alteradas, considerando a prevalência e o risco de transmissão de infecções assintomáticas do vírus SARS-CoV-2”, pedem os investigadores do Centro Scripps.
“Só sabemos quem é assintomático em retrospectiva”, explicam. “As infecções sem sintomas, sejam pré-assintomáticas ou assintomáticas, são importantes porque as pessoas infectadas podem transmitir o vírus mesmo que não tenham sintomas.”
A equipa sugere a expansão de “testes rápidos para fazer em casa” que ajudem a identificar e conter casos assintomáticos, bem como apoios governamentais que ajudem as pessoas a isolarem-se em casa.
Dos estudos, 18 detalham rastreios serológicos para avaliar a presença de anticorpos associados ao SARS-CoV-2 (uma das formas de verificar se alguém já foi previamente infectada como o vírus), incluindo os resultados dos rastreios em massa feitos na Inglaterra e Espanha que mostraram que um terço dos indivíduos testados tinha anticorpos contra a covid-19 sem nunca ter apresentado sintomas.
Os investigadores acreditam, no entanto, que a percentagem de indivíduos assintomáticos possa ser maior que a que os estudos indicam. “No meio de uma pandemia que mudou a vida em todo o mundo, parece razoável pôr a hipótese que a memória e consciência que as pessoas têm dos sintomas aumentem [em inquéritos]”, escrevem.
Por ora, não há dados concretos quando à proporção de novos casos causados por pessoas assintomáticas ou pré-assintomáticas. A equipa do Centro de Investigação Scripps, lembra, no entanto, que um estudo feito em Wanzhou, na China, com base em 183 casos de covid-19 determinou que os pacientes assintomáticos (cerca de 32% da amostra) eram responsáveis por 19,3% das novas infecções.
Além de mais estudos para determinar o número de pacientes assintomáticos, os investigadores dizem que com o avanço dos planos nacionais de vacinação serão necessários estudos que determinem a eficácia das vacinas a prevenir infecções assintomáticas.