Sistema de seis exoplanetas desafia teorias de formação planetária

Investigadores portugueses integram a equipa envolvida neste trabalho sobre sistema planetário a 200 anos-luz de distância da Terra.

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Ilustração artística de vista do sistema TOI-178 L. Calçada/ESO

A descoberta de um sistema formado por seis planetas veio desafiar as teorias de formação e evolução planetária, divulgou esta segunda-feira o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). A equipa internacional que anuncia a descoberta inclui astrónomos portugueses.

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A descoberta de um sistema formado por seis planetas veio desafiar as teorias de formação e evolução planetária, divulgou esta segunda-feira o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). A equipa internacional que anuncia a descoberta inclui astrónomos portugueses.

Cinco dos seis planetas orbitam a estrela hospedeira TOI-178 de forma harmoniosa, um facto raro, mas todos estão “desalinhados” pela sua densidade, que varia de planeta para planeta e é estimada em função do seu tamanho e massa.

“O contraste entre a harmonia rítmica dos movimentos orbitais e as densidades desordenadas desafia claramente a compreensão da formação e evolução dos sistemas planetários”, explica o coordenador do estudo, Adrien Leleu, das universidades de Genebra e Berna (na Suíça).

No trabalho, que revela o sistema de seis planetas que orbitam a estrela TOI-178, a cerca de 200 anos-luz de distância da Terra, participaram investigadores portugueses das universidades de Lisboa, Porto e Coimbra e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

Para Sérgio Sousa, do IA, que coordena as observações e os resultados científicos de um dos instrumentos que foram utilizados para caçar estes planetas extrassolares (ou exoplanetas), “este sistema complexo apresenta mais pistas e restrições para uma teoria global que possa explicar a formação e evolução de planetas”. “Do ponto de vista de teorias de formação, é mais difícil explicar o que pode ter acontecido para que uma mesma nuvem de gás que formou esta estrela e os seus planetas possa levar a uma diversidade e mistura não ordenada de densidades”, disse à agência Lusa o astrónomo.

No nosso sistema solar, os planetas estão dispostos de forma ordenada, com os rochosos como a Terra, mais densos, mais próximos do Sol, e os gasosos como Neptuno, menos densos, mais afastados.

Em contrapartida, no sistema TOI-178 “parece haver um planeta tão denso como a Terra mesmo ao lado de um planeta com metade da densidade de Neptuno, seguido por um planeta com a densidade de Neptuno”, assinala Nathan Hara, da Universidade de Genebra, também envolvido na investigação e citado no comunicado do ESO, cujo telescópio VLT, no Chile, entre outros, foi usado nas observações, a par do satélite Cheops, da Agência Espacial Europeia.

Mais do que uma “curiosidade orbital”, a forma sincronizada com que cinco dos seis planetas “dançam” em torno da sua estrela indicia que o sistema planetário TOI-178 “evoluiu bastante suavemente desde o seu nascimento”, segundo o astrónomo e co-autor do estudo Yann Alibert, da Universidade de Berna.

“Se o sistema tivesse sido significativamente perturbado no início da sua vida, por exemplo por um impacto gigante, esta frágil configuração de órbitas não teria sobrevivido”, esclarece o comunicado do ESO, organização astronómica da qual Portugal faz parte.

Os planetas do sistema TOI-178 orbitam a sua estrela “muito mais perto e com maior velocidade” do que a Terra gira em torno do Sol. O mais interior, o que está mais próximo da estrela e que, de acordo com Sérgio Sousa, “não tem uma sincronização clara do ponto de vista de dinâmica do sistema de planetas”, completa uma órbita em “apenas alguns dias”, adianta o ESO.

Alguns dos planetas são rochosos, mas maiores do que a Terra, outros são gasosos, embora muito mais pequenos do que os gigantes gasosos do nosso sistema solar. Os resultados do estudo foram publicados na revista Astronomy & Astrophysics.