Ai Portugal, Portugal
Hoje safámo-nos por pouco. Com Ana Gomes a derrotar a extrema-direita, evitou-se o “desastre à francesa” e há ainda aqui muito que é reversível — se se aprenderem as lições destas eleições e se volte a dar uma estratégia compreensível para o futuro deste país. Ai Portugal, Portugal. Do que é que tu estás à espera?
Oxalá aprendessemos as lições. Umas eleições organizadas em pleno pico da pandemia, numa teimosia formalista que nem dezenas ou centenas de milhares de portugueses impedidos de exercerem o seu voto por estarem infetados ou em isolamento profilático conseguiu aplacar. Um Presidente que desvalorizou o ato eleitoral ao ponto de nem sequer produzir para ele tempos de antena. Um primeiro-ministro e líder do maior partido que desvalorizou ainda mais e ainda antes as eleições presidenciais, dando o seu resultado por adquirido e forçando o seu partido a não assumir uma posição de apoio a uma candidatura. Uma direita que deixou que se normalizasse no seu seio uma extrema-direita perante a qual não consegue formar um cordão sanitário e sem a qual não conseguirá, já nas próximas eleições autárquicas, formar muitas maiorias pelo país fora. E, finalmente, uma esquerda que depois de ter tido dois terços dos votos ainda há ano e meio, porque o eleitorado então validou nas urnas a convergência da “geringonça” e deu à esquerda partidária a maior maioria parlamentar desde o 25 de abril, está de novo enredada nos seus taticismos e curto-prazismos, como demonstrado pela votação no último orçamento e pela apresentação de candidatos partidários para ocupar espaço partidário numas eleições que — como quer a Constituição tantas vezes citada — têm uma natureza não-partidária.
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Oxalá aprendessemos as lições. Umas eleições organizadas em pleno pico da pandemia, numa teimosia formalista que nem dezenas ou centenas de milhares de portugueses impedidos de exercerem o seu voto por estarem infetados ou em isolamento profilático conseguiu aplacar. Um Presidente que desvalorizou o ato eleitoral ao ponto de nem sequer produzir para ele tempos de antena. Um primeiro-ministro e líder do maior partido que desvalorizou ainda mais e ainda antes as eleições presidenciais, dando o seu resultado por adquirido e forçando o seu partido a não assumir uma posição de apoio a uma candidatura. Uma direita que deixou que se normalizasse no seu seio uma extrema-direita perante a qual não consegue formar um cordão sanitário e sem a qual não conseguirá, já nas próximas eleições autárquicas, formar muitas maiorias pelo país fora. E, finalmente, uma esquerda que depois de ter tido dois terços dos votos ainda há ano e meio, porque o eleitorado então validou nas urnas a convergência da “geringonça” e deu à esquerda partidária a maior maioria parlamentar desde o 25 de abril, está de novo enredada nos seus taticismos e curto-prazismos, como demonstrado pela votação no último orçamento e pela apresentação de candidatos partidários para ocupar espaço partidário numas eleições que — como quer a Constituição tantas vezes citada — têm uma natureza não-partidária.