Panorama das literaturas em português

Vasta panorâmica sobre as literaturas de língua portuguesa. Trabalho corajoso, de rigor e competência.

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José Carlos Seabra Pereira fez um trabalho incalculável de rastreio de autores e obras DR

No seu correcto prefácio, Carlos Ascenso André aproxima o novo livro de José Carlos Seabra Pereira à História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes, acrescentando que faltava àquele título “um aspecto essencial, no que respeita ao seu uso no ensino do Português como Língua Estrangeira: um olhar igualmente breve, mas não menos atento e rigoroso, para as outras literaturas de língua portuguesa” (p.10). É difícil não concordar: sobretudo com a última parte da proposição. O simples enunciar de algumas das rubricas deste volume o comprova: Fulgores e degradações do Barroco luso-brasílico, Iluminismo e Arcadismo luso-brasileiro — entre Neo-Classicismo e Estética da Sensibilidade, O Realismo em Portugal e Brasil (com África no horizonte), ou mesmo Réplicas africanas do Neo-Realismo brasileiro. Contudo, é possível que J.C.S.P. esteja, neste seu mais recente trabalho, mais próximo de outro livro de um dos autores daquela dupla: o imprescindível Entre Fialho e Nemésio, de Óscar Lopes (IN-CM, 1987). De facto, As Literaturas em Língua Portuguesa não é, o próprio autor o recorda, um “manual de história literária, mas sim um ensaio longo de roteiro das literaturas em língua portuguesa, que se distingue pela perspectiva de concepção e pelos parâmetros de elaboração” (p.13). Assim, estão nele ausentes o modo didáctico e o instinto contextualizador da obra de Lopes e Saraiva, como são inexistentes as indicações variamente bibliográficas dele. Neste longo ensaio, Seabra Pereira não produz uma tentativa de historiar, mas de, criticamente, apresentar, descrever e, sobretudo, confrontar objectos literários, tendências culturais, artísticas e literárias, de poéticas e práticas de escrita. A forma de entrelaçar cambiantes e afirmações literárias de vária origem é muito mais afim do citado livro de Óscar Lopes, ou, em especial nos segmentos finais, dessa prodigiosa (nada de exageros) Tentativa de Um Panorama Coordenado da Literatura Portuguesa de 1901 a 1950, de Jorge de Sena (in Estudos de Literatura Portuguesa II, Edições 70, 1988).

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No seu correcto prefácio, Carlos Ascenso André aproxima o novo livro de José Carlos Seabra Pereira à História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes, acrescentando que faltava àquele título “um aspecto essencial, no que respeita ao seu uso no ensino do Português como Língua Estrangeira: um olhar igualmente breve, mas não menos atento e rigoroso, para as outras literaturas de língua portuguesa” (p.10). É difícil não concordar: sobretudo com a última parte da proposição. O simples enunciar de algumas das rubricas deste volume o comprova: Fulgores e degradações do Barroco luso-brasílico, Iluminismo e Arcadismo luso-brasileiro — entre Neo-Classicismo e Estética da Sensibilidade, O Realismo em Portugal e Brasil (com África no horizonte), ou mesmo Réplicas africanas do Neo-Realismo brasileiro. Contudo, é possível que J.C.S.P. esteja, neste seu mais recente trabalho, mais próximo de outro livro de um dos autores daquela dupla: o imprescindível Entre Fialho e Nemésio, de Óscar Lopes (IN-CM, 1987). De facto, As Literaturas em Língua Portuguesa não é, o próprio autor o recorda, um “manual de história literária, mas sim um ensaio longo de roteiro das literaturas em língua portuguesa, que se distingue pela perspectiva de concepção e pelos parâmetros de elaboração” (p.13). Assim, estão nele ausentes o modo didáctico e o instinto contextualizador da obra de Lopes e Saraiva, como são inexistentes as indicações variamente bibliográficas dele. Neste longo ensaio, Seabra Pereira não produz uma tentativa de historiar, mas de, criticamente, apresentar, descrever e, sobretudo, confrontar objectos literários, tendências culturais, artísticas e literárias, de poéticas e práticas de escrita. A forma de entrelaçar cambiantes e afirmações literárias de vária origem é muito mais afim do citado livro de Óscar Lopes, ou, em especial nos segmentos finais, dessa prodigiosa (nada de exageros) Tentativa de Um Panorama Coordenado da Literatura Portuguesa de 1901 a 1950, de Jorge de Sena (in Estudos de Literatura Portuguesa II, Edições 70, 1988).