Fecho de escolas. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto contra interrupção da formação médica

Em causa estão os estágios clínicos dos finalistas do curso de Medicina que, continuando a sua formação, poderiam ser um reforço para o SNS, alerta o director da instituição de ensino superior.

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Fecho das universidades põe em causa estágios clínicos dos finalistas de Medicina, alerta o director da FMUP Adriano Miranda

O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) avaliou esta quinta-feira o encerramento das escolas médicas como “contraproducente”, uma vez que os finalistas estão integrados nos hospitais e podem apoiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) avaliou esta quinta-feira o encerramento das escolas médicas como “contraproducente”, uma vez que os finalistas estão integrados nos hospitais e podem apoiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Embora considere que as medidas de fecho das escolas e universidades “pecam por tardias”, em declarações à Lusa, Altamiro da Costa Pereira defende que, “sendo generalistas, não tomam em consideração realidades diferentes e específicas”.

Em seu entender, o fecho das escolas há muito que se impunha por serem “óbvios focos de contágio”, devido “às inevitáveis falhas de segurança” acarretadas pela presença das crianças e adolescentes em grupo e em convívio social.

“Já em muitas faculdades, tal como a FMUP, o processo educativo presencial não só foi reduzido há muito ao mínimo indispensável (com aulas teóricas e teórico-práticas de carácter remoto) como as necessárias aulas presenciais (em contexto de enfermarias) têm vindo a ser realizadas em rigorosas condições de segurança, em tudo análogas às que têm os profissionais de saúde que trabalham nos hospitais”, sustenta o catedrático.

Assim, na opinião do director da FMUP, os cursos de medicina, nomeadamente o ciclo clínico (correspondente aos últimos anos da formação), “devem constituir uma excepção” às medidas que serão oficialmente anunciadas pelo Governo esta quinta-feira.

“Não podemos e não devemos impedir que se perca esta enorme necessidade e oportunidade de formação nos nossos estudantes de medicina, em nome das urgentes necessidades do SNS e das nossas populações”, defende Altamiro da Costa Pereira.

Nestas circunstâncias, o director considera que “o eventual encerramento compulsivo da FMUP não só não se justifica do ponto de vista de saúde pública, como põe em causa um direito dos estudantes e, sobretudo, uma necessidade fundamental em tempos de pandemia, que é o de poderem aprender e ser formados como futuros profissionais de saúde, nomeadamente no período de estágios clínicos durante o seu último ano de formação universitária”.

Altamiro da Costa Pereira defende ainda que os alunos do último ano do curso devem também ser vacinados, à semelhança dos profissionais de saúde.

O Governo vai decidir esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, do Básico ao Superior, com efeitos a partir de sexta-feira, disse à agência uma fonte do executivo. “A informação que o Governo recebeu na quarta-feira, após reunião com epidemiologistas, foi considerada muito relevante e determinante para a decisão, tendo em conta o crescimento da variante britânica do novo coronavírus em Portugal”, salientou a mesma fonte.

Com esta medida, o objectivo principal do Governo, “é isolar todo o sistema escolar”, já que, “não havendo aulas, evita-se que as pessoas sejam forçadas a sair de casa”.

Portugal registou na quarta-feira 219 mortes relacionadas com a covid-19 e 14.647 novos casos de infecção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direcção-Geral da Saúde (DGS).