“Toda a capacidade que existe, pretendemos utilizá-la já”, diz ministra. Privados reforçaram SNS com 800 camas
“Estamos a fazer todos os esforços por ter mais meios, mas a força desta infecção só se controla com o esforço de cada um de nós”, afirmou a ministra da Saúde. Em Lisboa e Vale do Tejo o número de convenções é mais limitado por não existirem tantas unidades do sector social.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem cerca de 800 camas contratualizadas com o sector privado e social, mas os recursos são finitos assume a ministra da Saúde, que garante: “Toda a capacidade que existe, pretendemos utilizá-la já”. Num dia em que os números da covid-19 voltaram a bater recordes, a região de Lisboa e Vale do Tejo é uma das que sofre maior pressão. O presidente desta Administração Regional de Saúde (ARS) afirma que todas as camas disponíveis foram contratualizadas e não há mais onde pedir. “Se houver alguém com quem não tenhamos contratado, por favor apresente-se para fazer convenções”, diz.
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O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem cerca de 800 camas contratualizadas com o sector privado e social, mas os recursos são finitos assume a ministra da Saúde, que garante: “Toda a capacidade que existe, pretendemos utilizá-la já”. Num dia em que os números da covid-19 voltaram a bater recordes, a região de Lisboa e Vale do Tejo é uma das que sofre maior pressão. O presidente desta Administração Regional de Saúde (ARS) afirma que todas as camas disponíveis foram contratualizadas e não há mais onde pedir. “Se houver alguém com quem não tenhamos contratado, por favor apresente-se para fazer convenções”, diz.
A situação epidémica do país “é uma fonte de grande preocupação”. “Estamos a fazer todos os esforços por ter mais meios, mas a força desta infecção só se controla com o esforço de cada um de nós”, afirmou esta quarta-feira a ministra da Saúde numa visita ao hospital de campanha instalado no Estádio universitário em Lisboa. Uma estrutura com 58 camas que vai receber doentes com covid-19 sem alta clínica, mas que não precisam de estar internados em hospitais mais diferenciados, e que irá procurar aliviar a pressão que as unidades públicas da Grande Lisboa estão a registar há semanas.
Questionada sobre a articulação com os sectores privado e social, Marta Temido salientou que “todos os dias se tem conseguido algum alargamento” dos apoios destas unidades. “Não obstante, os recursos são finitos”, avisou, enumerando que no Norte existem 21 convenções com outros sectores, 19 em Lisboa e Vale do Tejo e 17 na região Centro. Também no Algarve estão a ser dados passos para a realização de convenções, processo mais difícil de conseguir no Alentejo já que a oferta é menor.
São “cerca de 800 camas no total das convenções” para doentes covid e não covid, que “permite criar alguma folga” ao SNS. “Toda a capacidade que existe, pretendemos utilizá-la já. Amanhã pode ser tarde demais. Este é momento de todos darmos o nosso melhor e fazer o tudo por tudo”, disse a ministra, salientando também o apoio que o sector militar tem dado ao serviço público.
Marta Temido anunciou que as forças armadas estão a fazer uma reorganização e a “procurar concentrar todo esforço e apoio na preparação de novas camas” para reforçar a resposta à covid-19. Luís Pisco, presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo explicou que por decisão do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, os hospitais militares cancelaram toda a actividade não programada para ceder mais camas de enfermaria e cuidados intensivos.
Sem mais camas para contratar
Questionado sobre porque não existem mais protocolos com os sectores privados e social para ajudar a aliviar a pressão sobre o SNS, Luís Pisco explicou que no caso do Sul existem menos misericórdias do que no Norte, limitando a oferta. Razão pela qual Lisboa e Vale do Tejo conseguiu “no máximo 200 e poucas camas enquanto o Norte consegue 400 e muitas”.
“Temos tudo o que conseguimos. E contactamos todas as estruturas públicas, privadas e sociais e se houver alguém que não tenhamos contratado, por favor apresente-se para fazer convenções”, afirmou Luís Pisco. Em relação aos privados, “houve uma reunião dos três grandes grupos nacionais com a ministra, na qual estive presente, e de facto também estão a dar o que é possível, uma vez que muitos deles estão cheios de doentes”. “As camas estão cheias, não há hipótese de as podermos usar”, reforçou.
Quanto à situação da região, os hospitais de Loures e Amadora-Sintra são “os que mais precisam de ajuda” e são estas duas unidades, assim como os centros hospitalares Lisboa Norte, Lisboa Central e Lisboa Ocidental, que o hospital de campanha vai apoiar, ao receber doentes destas unidades que já não precisem de cuidados tão diferenciados.
António Diniz, médico do Centro Hospitalar Lisboa Norte, vai coordenar a estrutura, que poderá receber os primeiros doentes com covid-19 no final desta semana. A equipa, que permitirá que o espaço funcione 24 horas por dia, sete dias da semana, é constituída por “seis elementos [médicos] seniores e 13 internos de medicina geral e familiar, 20 enfermeiros, cinco assistentes operacionais e dois a três administrativos”.
Estes profissionais de saúde são provenientes dos hospitais e centros de saúde da grande Lisboa. António Diniz diz que não lhe parece que nesta altura estas deslocalizações “destapem qualquer manta” e lembra que esta “é uma estrutura que é para aliviar as estruturas hospitalares da pressão que estão a ter”. “É um pequeno contributo que acabam por ter, para ter um ganho significativo em termos de internamento dessas pessoas”, afirma, contudo, reconhecendo que “foi difícil conseguir os recursos humanos” tendo em conta o grande afluxo de doentes que estão a chegar aos serviços de saúde.
O hospital de campanha vai receber doentes com covid-19 “que na evolução da sua doença ainda não têm critérios de alta clínica, mas que se admite que não precisem de estar em unidades tão diferenciadas”. Em caso de agravamento, “a pessoa retornará ao hospital de origem”.