Nyusi “toma boa nota” da oferta da UE para “cooperar com Moçambique no combate ao terrorismo”

Presidente moçambicano recebeu o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, como representante dos 27.

Foto
Santos Silva foi recebido por Filipe Nyusi no Palácio Presidencial, em Maputo LUÍS MIGUEL FONSECA/LUSA

O Presidente moçambicano “toma boa nota” da disponibilidade da União Europeia (UE) para apoiar Moçambique a enfrentar os problemas de segurança em Cabo Delgado, província do Norte do país há três anos a braços com uma insurgência armada.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Presidente moçambicano “toma boa nota” da disponibilidade da União Europeia (UE) para apoiar Moçambique a enfrentar os problemas de segurança em Cabo Delgado, província do Norte do país há três anos a braços com uma insurgência armada.

“O chefe de Estado moçambicano tomou boa nota da manifestação de interesse da UE em cooperar com Moçambique no combate ao terrorismo”, referiu a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, resumindo o encontro mantido esta quarta-feira em Maputo entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em representação da UE.

No contexto de Cabo Delgado, Nyusi “saudou a disponibilidade da UE” em trabalhar com o Governo moçambicano “nas áreas da logística, saúde e formação militar, bem como noutras que o Governo venha a considerar importantes”, acrescentou, ao mesmo tempo que classificava a visita de Santos Silva como “um sucesso”.

Não houve detalhes sobre os passos seguintes ou prazos para efectivação do apoio da UE, mas Santos Silva afiançou que estava “satisfeito” com a reunião.

“Saio satisfeito desta reunião, porque a melhor maneira de chegarmos rapidamente ao desenho em concreto do apoio europeu é começar por uma identificação tão clara e precisa de quais são as prioridades das autoridades moçambicanas”, explicou após o encontro com Nyusi no Palácio da Presidência, em Maputo.

“Foi muito importante a reunião com o Presidente moçambicano, que foi muito claro na identificação das áreas em que o incremento da cooperação na área de segurança pode beneficiar imediatamente Moçambique”, sublinhou.

O representante da UE leva no bloco de notas três áreas fundamentais para a cooperação: formação militar, apoio da acção humanitária à população e apoio à agência para o desenvolvimento do norte de Moçambique. “Estas áreas foram muito claramente identificadas”, destacou.

O apoio da UE a projectos de apoio ao desenvolvimento em Cabo Delgado ascende a cerca de 25 milhões de euros e a província está entre as regiões prioritárias para a acção humanitária, referiu o ministro, mas a estas dimensões “é preciso acrescentar um incremento da cooperação na área da segurança”.

Levar de volta para a Europa o máximo de contributos para concretizar esse incremento “é o objectivo prático e imediato da missão política” que lidera e também “do trabalho técnico que desde ontem [terça-feira] está a ser realizado entre equipas da UE e Moçambique”.

“A UE tem uma relação muito antiga, próxima e consolidada com Moçambique, não substitui o trabalho das autoridades moçambicanas, não substitui o quadro regional da cooperação entre Moçambique e os países vizinhos” e “respeita escrupulosamente a arquitectura da União Africana para a paz e segurança”, especificou.

Mas a UE “acrescenta uma outra dimensão de cooperação e o esforço de nós todos é indispensável para que a população do norte de Moçambique e as autoridades” possam enfrentar um desafio “que cada um de nós também enfrenta”, concluiu.

A violência armada na província do Norte de Moçambique, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Augusto Santos Silva tem agendadas para quinta-feira reuniões com membros de organizações da sociedade civil, depois com países parceiros e a agenda termina com um encontro conjunto com os ministros moçambicanos da Defesa, Jaime Neto, e do Interior, Amade Miquidade.