Conte pede tempo para reforçar maioria de Governo em Itália
Movimento 5 Estrelas e Partido Democrático unidos na estratégia de alargar apoios depois dos votos de confiança no Parlamento. Negociações devem incluir partido de Berlusconi.
A escassa maioria obtida pelo Governo de Giuseppe Conte no voto de confiança no Senado arrisca-se a paralisar o processo legislativo. Chega para evitar uma ida às urnas imediata, em plena pandemia, mas é curta para governar a Itália. Foi com essa consciência que o primeiro-ministro pediu para ser recebido pelo Presidente, Sergio Mattarella, um “primeiro” encontro de 50 minutos onde lhe disse que acredita ser capaz de alargar os apoios que sustam a coligação no poder.
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A escassa maioria obtida pelo Governo de Giuseppe Conte no voto de confiança no Senado arrisca-se a paralisar o processo legislativo. Chega para evitar uma ida às urnas imediata, em plena pandemia, mas é curta para governar a Itália. Foi com essa consciência que o primeiro-ministro pediu para ser recebido pelo Presidente, Sergio Mattarella, um “primeiro” encontro de 50 minutos onde lhe disse que acredita ser capaz de alargar os apoios que sustam a coligação no poder.
O voto da noite de terça-feira terminou com 156 a favor, 140 contra e 16 abstenções; longe da maioria absoluta, de 161 senadores. As abstenções, dos eleitos do Itália Viva, estão garantidas em mais duas votações, um pacote de medidas contra a covid-19 e o orçamento rectificativo. Foi a promessa do líder do partido, Matteo Renzi, quando confirmou a demissão das duas ministras da IV, retirando ao Governo a maioria no Parlamento. Depois, acabou-se.
Os principais partidos da coligação, o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, para além do movimento Livres e Iguais, concordam que é preciso “avançar com o processo de reforço da maioria e de redacção de um novo pacto de legislatura”, como se lê no comunicado da reunião desta quarta-feira. A porta está aberta a todos menos a Renzi, garantem.
Conte terá pedido duas semanas para obter mais apoios. Este não seria o primeiro Governo em funções com uma maioria parlamentar relativa, mas, como avisara Renzi, está em minoria em todas as comissões no Senado, com excepção da dos Negócios Estrangeiros.
No imediato, seria muito difícil vingar nas negociações para aprovar a versão final do pacote de medidas para usar os 209 mil milhões de euros do fundo de recuperação da União Europeia. Também seria complicado fazer avançar uma lei eleitoral proporcional, um anúncio de Conte nos discursos no Parlamento.
No voto de confiança no Senado, Conte contou com dois senadores do partido de Silvio Berlusconi, a Força Itália. Para discutir o sistema proporcional pode contar com o próprio: o ex-chefe de Governo acredita que nesse cenário a sua formação se tornaria o principal árbitro da política italiana. Berlusconi nunca se encaixou bem no papel de parceiro menor da coligação de direita e extrema-direita, liderada por Matteo Salvini (Liga), e continua à procura de um novo.
Salvini, por seu turno, e Georgia Meloni (Irmãos de Itália) defendem que Conte não tem condições para ficar e vão pedir audiências a Mattarella. Sem grande convicção. A verdade é que nem a direita, à frente nas sondagens, quer ir a eleições num momento tão delicado.