Pede-se coragem para fechar as escolas
Seria bom que se parasse um pouco para pensar no que se passa nas escolas. As condições em que se vive o dia-a-dia são mínimas. Estamos todos, professores e alunos, à espera da nossa vez, de saber quando vamos para casa.
Passámos a linha vermelha! Todos os dias há pedidos de vários especialistas para que se fechem de imediato as escolas, da Ordem dos Médicos às individualidades conselheiras, são poucos os argumentos para os que, ainda, defendem que se devem manter os estabelecimentos de ensino abertos.
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Passámos a linha vermelha! Todos os dias há pedidos de vários especialistas para que se fechem de imediato as escolas, da Ordem dos Médicos às individualidades conselheiras, são poucos os argumentos para os que, ainda, defendem que se devem manter os estabelecimentos de ensino abertos.
Mas o Governo, teimosamente e mostrando pouca coragem em agir, continua a argumentar que fechar as escolas compromete as aprendizagens. Como se estas já não estivessem comprometidas pelo simples facto da estarmos todos a vivenciar uma pandemia.
O Governo insiste em manter as escolas abertas essencialmente pelas seguintes razões: não estar, ainda, preparada a transição digital, nomeadamente para que os alunos dos 3.º ciclo e secundário pudessem passar para o ensino à distância (E@D) e na próxima semana haver eleições presidenciais. Como compreenderiam os pais o fecho das escolas e o não-adiamento do acto eleitoral do próximo domingo?
Tenho defendido sempre a manutenção das escolas abertas até ao 2.º ciclo, inclusive, mas considerando um cenário em que tivesse havido coragem de fechar as restantes. Serviria esse encerramento para que fosse possível mitigar os contágios nos grupos etários onde tem havido maior aumento, dos 13 aos 24 anos, e assim não se comprometia com tanta gravidade a economia. Porque é disso que se trata, apenas e só!
A narrativa do Governo tem sido a de que ao se fechar as escolas as aprendizagens ficam comprometidas. Mas este argumento é falacioso. Obviamente que este ano o comprometimento das aprendizagens seria uma realidade. Ninguém poderia estar a contar com um ano a decorrer dentro da normalidade de outros tempos. Alguém acredita que num cenário destes os alunos aprendem? Ou pelo menos aprendem como em anos anteriores? Será que quem nos governa não percebe que há escolas com 20 turmas em casa? Com alunos sem aulas, seja por falta crónica de professores, seja devido à pandemia?
Seria bom que se parasse um pouco para pensar no que se passa nas escolas. As condições em que se vive o dia-a-dia são mínimas. Estamos todos, professores e alunos, à espera da nossa vez, de saber quando vamos para casa, seja por contacto com alguém infectado, seja por nós próprios estarmos com covid-19. A sensação de cerco a apertar é enorme e incapacitante.
Sugiro, considerando o actual panorama pandémico, que se interrompam já as actividades lectivas, por 15 dias. Seria uma espécie de férias de Inverno para todos. Far-se-iam os ajustes necessários ao calendário escolar e salvaguardar-se-ia o papel sócio-ssistencialista que a escola desempenha, a exemplo da primeira vaga!
A situação pandémica actual por si só já compromete as aprendizagens. E que assim seja. Tudo na vida se recupera menos a vida! Será melhor perder um avô ou uma aprendizagem?
É urgente agir agora! Que haja coragem!