Católica prevê queda do PIB de 2% este ano devido ao confinamento

Previsões dos economistas da universidade lisboeta vão de um cenário pessimista, em que a economia portuguesa contrai 4% este ano, ao mais optimista, que aponta para um crescimento de 3%.

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Reuters/PEDRO NUNES

A Universidade Católica de Lisboa prevê que a economia portuguesa registe uma contracção de 2% em 2021, em resultado do novo confinamento devido à pandemia de covid-19, segundo previsões hoje divulgadas.

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A Universidade Católica de Lisboa prevê que a economia portuguesa registe uma contracção de 2% em 2021, em resultado do novo confinamento devido à pandemia de covid-19, segundo previsões hoje divulgadas.

“Para o conjunto do ano de 2021, o cenário central é agora de contracção de 2%, uma forte revisão em baixa em 4,5 pontos percentuais face à previsão anterior (2,5%)”, pode ler-se no sumário executivo das previsões divulgadas esta quarta-feira pelo NECEP - Forecasting Lab da Universidade Católica.

Os economistas da Católica de Lisboa justificam a revisão em baixa com “entrada em vigor de um regime de confinamento severo anunciado pelo Governo em 13 de Janeiro”, considerando que “aquilo que era um evento de probabilidade importante, mas baixa, tornou-se uma certeza”.

“Esta previsão assume que a economia em 2021 deverá andar ao nível do terceiro ou quarto trimestres de 2020 se for possível aliviar as medidas de confinamento, mas baixará para valores não muito melhores do que os observados no segundo trimestre do ano passado em confinamentos semelhantes ao que está actualmente em vigor”, pode ler-se na previsão.

Dessa forma, “tal poderá não ser suficiente para assegurar crescimento económico já este ano, especialmente num cenário de confinamento prolongado como o que se antecipa”.

O NECEP - Católica considera também “provável o aumento da taxa de desemprego para valores entre 7% a 8%, bem como a deterioração das contas públicas e a necessidade de um orçamento rectificativo ou suplementar para 2021”.

As previsões agora divulgadas vêm reforçar a argumentação que o confinamento decretado após o final do ano irá baralhar as estimativas do Governo para este ano, em que tinha previsto um crescimento de 5,4%. Uma revisão em baixa do PIB em que o país deverá ser acompanhado pelos seus parceiros comerciais europeus, o que só agrava o cenário. A contracção de 2% agora estimada pela Católica para 2021 é também um resultado bastante mais negativo do que cenário base traçado pelo Banco de Portugal em Dezembro de um crescimento de 3,9% e, mesmo assim, significativamente mais gravoso do que o cenário “severo” estimado pelo banco central, de um crescimento de 1,3% em 2021.

No entanto, os economistas da universidade lisboeta referem também, na análise agora comunicada, um cenário pessimista, em que a economia portuguesa contrai 4% este ano, e outro optimista, que aponta para um crescimento de 3%.

“Em conclusão, a economia portuguesa entra em 2021 num ambiente de elevada incerteza associada à evolução da pandemia, da administração de vacinas e das medidas de confinamento, bem diferente do que se antecipava há poucas semanas”, pode ler-se na nota. 

O NECEP considera ainda que o Governo “deverá acrescentar alguma incerteza a este quadro complexo por via do seu comportamento imprevisível e hesitante”. Assim, “a hipótese de crescimento não pode ser excluída à partida, dado que o terceiro trimestre do ano passado ilustra bem a possibilidade de uma recuperação rápida quando se aliviam as medidas de confinamento”.