Miguel Araújo deve ter sido visitado por alguma premonição. Antes do sars-cov 2 transformar o mundo num pandemónio e obrigar a recolhimentos obrigatórios e confinamentos, o músico portuense resolveu abrir os cordões à conta bancária e investir a sério na construção de um estúdio em casa. Há muito que o seu desejo de independência em relação à indústria gritava por um momento de real cisão, acicatado pela desgastante participação na “engrenagem da música”, como lhe chama, cansado de 15 anos — a solo e com Os Azeitonas — em que lhe era exigida total disponibilidade para todas as acções de promoção do seu trabalho. Aos poucos, embora sem consequências para a natureza pop das suas canções, foi-se chegando cada vez mais para as margens dessa espiral de obrigações e escondeu-se daquilo que o afastava dos momentos de verdadeiro prazer da sua actividade de músico. E o prazer, era muito claro, estava em tocar os seus concertos e compor as suas canções.
Opinião
A carregar...
Ver mais
A carregar...
Ver mais