Em 17 dias, covid-19 fez 2056 mortos em Portugal
Metade dos concelhos em risco extremo. DGS pede ponto de situação a funerárias
Portugal registou em 24 horas mais 167 mortes por covid-19, um novo máximo diário de vítimas mortais, segundo o relatório de situação de ontem da Direcção-Geral da Saúde. Significa isto que só nos primeiros 17 dias deste ano o SARS-CoV2 é responsável por 2056 óbitos — quando foram precisos 207 dias (quase sete meses) para se contabilizarem as primeiras 2062 vítimas no país pelo novo coronavírus (de 16 de Março, dia do primeiro óbito confirmado, até 8 de Outubro).
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Portugal registou em 24 horas mais 167 mortes por covid-19, um novo máximo diário de vítimas mortais, segundo o relatório de situação de ontem da Direcção-Geral da Saúde. Significa isto que só nos primeiros 17 dias deste ano o SARS-CoV2 é responsável por 2056 óbitos — quando foram precisos 207 dias (quase sete meses) para se contabilizarem as primeiras 2062 vítimas no país pelo novo coronavírus (de 16 de Março, dia do primeiro óbito confirmado, até 8 de Outubro).
Também o número diário de mortes continua a aumentar. Em média, morreram com covid-19 121 pessoas por dia em 2021, número bem superior à média já alta de 77 óbitos diários no mês de Dezembro. Desde o início da pandemia morreram 9028 infectados. Num email enviado às principais entidades deste sector, a que o PÚBLICO teve acesso, a DGS faz perguntas acerca da capacidade de resposta das agências para as cerimónias fúnebres, pedindo que seja transmitido um ponto de situação.
A entidade de saúde adianta que é expectável que o número de óbitos — 500 a 600 diários, quando adicionadas as outras mortes, nomeadamente o excesso que se regista com o tempo frio — se mantenha por “algum tempo mais”, pedindo a opinião destas associações para que “se possa manter a realização de funerais sem atrasos e duma forma digna e segura”.
A elevada mortalidade que se está a registar leva as agências a defender funerais mais rápidos. Depois de 40 anos de actividade, o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas diz que “nunca se vivenciou um pico de óbitos” como este, defendendo que deve ser adoptada uma directriz sanitária, a emitir pela DGS, comum a todo o país. Carlos Almeida defende que, para agilizar os funerais, os corpos não devem ser levados a locais de culto para a realização de exéquias, vigílias ou velórios. Compreendendo que esta medida que limita a última despedida a um ente querido seja algo difícil de pedir aos cidadãos, considera: “Todos temos de fazer uma cedência.” Esta simplificação dos funerais será importante para os hospitais.
“Vou explicar-lhe com um exemplo prático: esta manhã [ontem de manhã] marquei uma cremação para Lisboa na sexta-feira. As pessoas vão querer passar para um velório numa igreja em Lisboa — que é permitido, não está proibido — de modo a prestar homenagem. O que vai acontecer neste caso é que o cadáver fica no hospital a aguardar estes dias todos, três dias à guarda do hospital onde ocorreu o óbito”, afirma.
Os dados da incidência a 14 dias por concelhos, actualizados pela DGS, indicam que há em Portugal mais 98 concelhos no “risco extremamente elevado” de contágio: são agora 155, um aumento de 170% em comparação com os 57 da segunda-feira da semana passada. Isto significa que mais de metade dos concelhos do país está agora no nível mais elevado de risco (mais de 960 casos por 100 mil habitantes). Cuba, distrito de Beja, é o que tem a maior taxa de incidência. Com as contas feitas a 100 mil habitantes (a forma de a DGS comparar concelhos com diferentes realidades populacionais), tem o equivalente a 5658 novos casos por cada cem mil habitantes, a 14 dias.