Investigadores do Porto desenvolvem antídotos para venenos de serpentes
Por ano, mais de cinco milhões de pessoas atacadas por serpentes em todo o mundo, resultando em mais de 100 mil mortes.
Investigadores da Faculdade de Ciência da Universidade do Porto (FCUP) vão desenvolver antídotos para o veneno das serpentes que serão “maioritariamente” distribuídos pelas comunidades rurais e economicamente desfavorecidas de África e da Ásia”.
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Investigadores da Faculdade de Ciência da Universidade do Porto (FCUP) vão desenvolver antídotos para o veneno das serpentes que serão “maioritariamente” distribuídos pelas comunidades rurais e economicamente desfavorecidas de África e da Ásia”.
“Todos os anos há, em todo o mundo, mais de cinco milhões de pessoas atacadas por serpentes, das quais cerca de meio milhão sofrem amputações e danos irreversíveis, e mais de 100 mil morrem em consequência do ataque”, afirma a FCUP em comunicado.
Os investigadores do Grupo de Bioquímica Computacional da FCUP vão desenvolver antídotos para o veneno destes animais, considerados “dos mais mortíferos do planeta”, a partir de pequenas moléculas químicas com “grande estabilidade e durabilidade à temperatura actual”.
O projecto, intitulado Murderous Venom e financiado em 250 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), é coordenado pela FCUP e conta com uma rede de colaborações internacionais. Neste estudo participam ainda investigadores da Universidade da Costa Rica, da Universidade do Cuenca (Equador), da Fundação Oswaldo Cruz (Brasil) e da Universidade de Tezpur (Índia).
O responsável pelo projecto, Pedro Alexandrino, afirma no comunicado que estes antídotos inovadores para o envenenamento serão maioritariamente “distribuídos pelas comunidades rurais de África e da Ásia”. “A terapia actual é baseada em anticorpos, que exigem toda uma cadeia de transporte e armazenamento refrigerados, e que são muito dispendiosos, o que impede a sua disponibilização às populações desfavorecidas que vivem em zonas rurais remotas de África e da Ásia, onde a maior parte dos ataques tem efectivamente lugar”, refere o investigador.
A rede de colaborações, sublinha Pedro Alexandrino, vai permitir testar os antídotos “em contexto real, ou seja, em animais aos quais o veneno é administrado e ainda produzi-lo em larga escala”.
O investigador adianta que o fármaco poderá ser injectado pelas vítimas imediatamente após o ataque, permitindo que estas cheguem “ainda vivas e, sem consequências irreversíveis, aos hospitais centrais para receber tratamento adicional”. Com o objectivo de chegar às populações rurais e economicamente desfavorecidas de África e da Ásia, os investigadores querem usar “compostos baratos que estejam acessíveis de imediato a estas comunidades”.