1. “Não estamos preparados para uma Europa depois de Merkel”, escrevia Mutamba Ramna na sua mais recente coluna de opinião do Politico. O colunista do site europeu acrescentava que “nem mesmo o Presidente Emmanuel Macron tem estatura para preencher o vazio deixado pela saída da chanceler alemã.” Ninguém de boa-fé negará que a saída de cena da chanceler é um motivo de preocupação para a Europa. Porque Merkel é Merkel, mas também porque lidera há quase 16 anos o país mais poderoso da União Europeia. A outra parte da observação, sobre o Presidente francês, também pode ser lida de outra maneira. Para além dele, quem? Por muitas razões, a primeira das quais é que Merkel não lidera sozinha a Europa, embora pouca coisa se possa fazer em Bruxelas contra a sua vontade. A liderança europeia coube historicamente ao eixo franco-alemão, num equilíbrio entre iguais. Tudo mudou com a queda do Muro e a Reunificação Alemã. Sem constrangimentos e com cada vez menos complexos em relação à defesa dos seus interesses nacionais, a República Federal foi ganhando o estatuto de potência europeia incontornável. A crise financeira e a crise do euro aumentaram ainda mais o seu poder como principal sustentáculo da união monetária e, portanto, com força suficiente para ditar as suas regras. Ninguém lhe conseguiu fazer frente. Nem mesmo a França, ainda mergulhada numa penosa adaptação à nova relação de poder no centro da integração europeia. Com Presidentes de esquerda ou de direita, Paris foi tentando conviver com o seu novo estatuto europeu – ainda um país fundamental, mas já não politicamente liderante, como se habituou a ser nas primeiras décadas da integração. Teve de aprender a conviver com o novo poder de Berlim, com um alargamento que colocou o centro da União mais a Norte e mais a Leste, com uma economia que dava mostras visíveis de ter mais dificuldade em adaptar-se às novas regras da globalização dos mercados.
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1. “Não estamos preparados para uma Europa depois de Merkel”, escrevia Mutamba Ramna na sua mais recente coluna de opinião do Politico. O colunista do site europeu acrescentava que “nem mesmo o Presidente Emmanuel Macron tem estatura para preencher o vazio deixado pela saída da chanceler alemã.” Ninguém de boa-fé negará que a saída de cena da chanceler é um motivo de preocupação para a Europa. Porque Merkel é Merkel, mas também porque lidera há quase 16 anos o país mais poderoso da União Europeia. A outra parte da observação, sobre o Presidente francês, também pode ser lida de outra maneira. Para além dele, quem? Por muitas razões, a primeira das quais é que Merkel não lidera sozinha a Europa, embora pouca coisa se possa fazer em Bruxelas contra a sua vontade. A liderança europeia coube historicamente ao eixo franco-alemão, num equilíbrio entre iguais. Tudo mudou com a queda do Muro e a Reunificação Alemã. Sem constrangimentos e com cada vez menos complexos em relação à defesa dos seus interesses nacionais, a República Federal foi ganhando o estatuto de potência europeia incontornável. A crise financeira e a crise do euro aumentaram ainda mais o seu poder como principal sustentáculo da união monetária e, portanto, com força suficiente para ditar as suas regras. Ninguém lhe conseguiu fazer frente. Nem mesmo a França, ainda mergulhada numa penosa adaptação à nova relação de poder no centro da integração europeia. Com Presidentes de esquerda ou de direita, Paris foi tentando conviver com o seu novo estatuto europeu – ainda um país fundamental, mas já não politicamente liderante, como se habituou a ser nas primeiras décadas da integração. Teve de aprender a conviver com o novo poder de Berlim, com um alargamento que colocou o centro da União mais a Norte e mais a Leste, com uma economia que dava mostras visíveis de ter mais dificuldade em adaptar-se às novas regras da globalização dos mercados.