Marta Temido: “Estamos a pôr todos os meios a funcionar, mas há um limite. E estamos muito próximos do limite”
“Temos de nos esforçar mais em termos de comunidade para garantir que se param as cadeias de transmissão, senão não há sistema de saúde que aguente”, diz a ministra da Saúde.
O país está perante uma situação de “elevadíssima pressão sobre todo o sistema de saúde português, e sobre o SNS em concreto”, reconhece a ministra da Saúde, Marta Temido, em declarações prestadas neste domingo. “Estamos a pôr todos os meios a funcionar em todos os sectores, mas há um limite. E estamos muito próximos do limite”, alerta a ministra.
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O país está perante uma situação de “elevadíssima pressão sobre todo o sistema de saúde português, e sobre o SNS em concreto”, reconhece a ministra da Saúde, Marta Temido, em declarações prestadas neste domingo. “Estamos a pôr todos os meios a funcionar em todos os sectores, mas há um limite. E estamos muito próximos do limite”, alerta a ministra.
Marta Temido falava depois de uma visita ao Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada. Num dia em que o país contabiliza mais 10.385 infectados pelo novo coronavírus e 152 mortes, é com “elevada preocupação” que a ministra vê este registo elevado, nunca visto a um domingo desde o início da pandemia.
“É preciso parar as cadeias de transmissão, sob pena de estas situações se transformarem na regra”, alertou a ministra. “Toda a gente está a fazer sacrifícios”, reconheceu. “Temos de nos esforçar mais em termos de comunidade para garantir que se param as cadeias de transmissão, senão não há sistema de saúde que aguente.”
“Fiquem em casa, cumpram e façam cumprir as pessoas à sua volta”, apelou aos portugueses.
Os hospitais da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo têm neste domingo internados 2054 doentes com covid-19, dos quais 1808 em enfermaria e 243 em unidades de cuidados intensivos, disse à Lusa fonte da ARSLVT.
Conselho de administração do Garcia de Orta rejeita risco de “pré-catástrofe"
O Hospital Garcia de Orta, em Almada, apresentava neste sábado um total de 169 doentes com covid-19 internados, dos quais 18 em cuidados intensivos, com a unidade hospitalar a admitir um “cenário de pré-catástrofe”, caso a situação se mantenha.
Com quase todas as camas ocupadas, a administração do HGO divulgou ontem um comunicado no qual afirmava: “Mantém-se a enorme pressão assistencial, devido à elevada procura de ‘doentes covid’ e ‘doentes não covid’ e que dura há mais de dez semanas, tendo o hospital de recorrer a transferências para outros hospitais do país”, acrescentava.
Neste domingo, contudo, o discurso mudou, com o presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta a rejeitar que a unidade hospitalar esteja em risco de entrar num cenário “pré-catástrofe”, apesar da pressão que já esgotou as camas de internamento. “O Hospital Garcia de Orta não está de forma alguma em pré-catástrofe. Temos uma pressão de procura acentuada, mas estamos a conseguir responder com os meios internos e também com a ajuda da ARS [Autoridade Regional de Saúde], transferindo alguns doentes para outras regiões”, afirmou Luís Amaro, no final de uma reunião com a ministra da Saúde, Marta Temido, na unidade hospitalar.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do conselho de administração sublinhou que o hospital ainda tem capacidade de resposta. “Para estar em pré-catástrofe é preciso que não haja capacidade de resposta e neste momento nós ainda temos capacidade de resposta”, disse Luís Amaro.
Neste domingo, o HGO apresentava um total de 173 doentes com covid-19 internados, dos quais 19 em unidades de cuidados intensivos (UCI) e 154 em enfermaria. Em comparação com os números de sábado, são mais quatro doentes internados, no total, um dos quais em UCI. “Neste momento, as camas que foram criadas para responder aos ‘doentes covid’ estão todas ocupadas”, revelou Luís Amaro. Entretanto, o HGO prepara-se para inaugurar na próxima semana uma nova enfermaria, que vai permitir reforçar a capacidade de internamento com mais 33 camas.
A principal dificuldade, admite Luís Amaro, está na mobilização de recursos humanos, apesar de o hospital já ter realocado alguns dos seus profissionais. “Temos tido a necessidade de transformar camas, fundamentalmente camas cirúrgicas em camas médicas, e temos tido a necessidade, de facto, de transferir [profissionais] de actividades cirúrgicas para o atendimento a ‘doentes covid’”, explicou.