Uganda: líder da oposição denuncia fraude nas eleições que dão reeleição a Museveni

Bobi Wine, principal rosto da oposição, diz que as eleições foram fraudulentas e acusa as autoridades de cercarem a sua casa. Resultados finais devem ser conhecidos no sábado.

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Bobi Wine foi preso três vezes durante a campanha eleitoral EPA/STR

O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, está perto de garantir o sexto mandato presidencial, com os resultados preliminares das eleições a lhe darem uma confortável vantagem de 62.2%, enquanto o seu principal adversário, o rapper Robert Kyagulanyi Sssentamu, mais conhecido pelo nome artístico de Bobi Wine, fica-se pelos 30.6%.

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O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, está perto de garantir o sexto mandato presidencial, com os resultados preliminares das eleições a lhe darem uma confortável vantagem de 62.2%, enquanto o seu principal adversário, o rapper Robert Kyagulanyi Sssentamu, mais conhecido pelo nome artístico de Bobi Wine, fica-se pelos 30.6%.

De acordo com o último balanço das autoridades eleitorais, e quando já foram contados mais de metade dos boletins, Museveni tem mais de quatro milhões de votos e Bobi Wine cerca de dois milhões.

As eleições presidenciais no Uganda realizaram-se na quinta-feira e os resultados finais só deverão ser conhecidos durante a tarde de sábado. Bobi Wine diz ter provas de fraude e acusas as autoridades de terem invadido a sua casa.

“Estamos cercados. Os militares pularam a cerca e agora tomaram o controlo da nossa casa”, afirmou o músico, de 38 anos, na rede social Twitter.

As autoridades ugandesas, no entanto, garantem que não invadiram a casa de Bobi Wine e afirmam que apenas reforçaram o contingente policial para garantir a segurança.

“Não estamos aqui para o prender e ele não está detido”, garantiu à Reuters o vice-porta-voz da polícia de Kampala, Luke Owoyesigyire.

Numa conferência de imprensa esta sexta-feira, Bobi Wine recusou reconhecer a vitória de Museveni, no poder há 35 anos e que está perto de garantir o seu sexto mandato na presidência do Uganda, e garante ter provas de fraude nas assembleias de voto.

“Estou bastante confiante de que derrotámos o ditador com uma grande vantagem”, atirou o músico que, durante a campanha eleitoral, foi detido três vezes. “Estamos a por todas as opções legais, constitucionais e não violentas em cima da mesa”, admitiu Bobi Wine.

“Terei todo o gosto em partilhar vídeos com todas as fraudes e irregularidades assim que a internet for restabelecida”, acrescentou. Desde terça-feira, por ordem de Museveni, as redes sociais e as aplicações de troca de mensagens foram bloqueadas, e a internet foi suspensa um dia depois.

As alegações de fraude de Bobi Wine ainda não foram comprovadas, sendo que os Estados Unidos e a União Europeia, que antes das presidenciais apelaram à transparência das autoridades, não enviaram observadores para o Uganda.

Até ao momento a União Africana e a Comunidade da África Oriental, que têm observadores no terreno, ainda não se pronunciaram.

A campanha eleitoral no Uganda ficou marcada por uma vaga de repressão aos apoiantes da oposição, com as autoridades a invocarem a covid-19 para cancelar comícios e deter manifestantes.

Em Novembro, após a segunda das três detenções de Bobi Wine, a polícia investiu sobre manifestantes, matando 54 pessoas.

Yoweri Museveni é um dos líderes africanos há mais tempo no poder e tem sido visto pelo Ocidente como um factor de estabilidade na região. No entanto, num país com uma média de idades bastante jovem – mais de 80% dos ugandeses têm menos de 30 anos -, a contestação a Museveni é cada vez maior, e o músico Bobi Wine acabou por tornar-se um símbolo para uma geração mais exigente quanto a reformas políticas.