Covid 19: Alemanha pondera reduzir transportes e fechar empresas porque a vida ainda está “muito normal”
Especialistas dizem que é preciso reduzir a transmissão de modo drástico e rápido. Apesar de estarem fechados cafés, restaurantes, bares, ginásios e escolas, os números demoram a baixar. Reduzir transportes ou fechar empresas em cima da mesa.
O Governo alemão está a ponderar uma série de novas medidas, ainda mais restritivas, para travar a transmissão do coronavírus. Um dia depois do chefe do Instituto Robert Koch (RKI), Lothar Wieler, dizer que a vida ainda está “muito normal” na Alemanha, o Governo anunciou que vai antecipar uma reunião para discutir mais medidas.
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O Governo alemão está a ponderar uma série de novas medidas, ainda mais restritivas, para travar a transmissão do coronavírus. Um dia depois do chefe do Instituto Robert Koch (RKI), Lothar Wieler, dizer que a vida ainda está “muito normal” na Alemanha, o Governo anunciou que vai antecipar uma reunião para discutir mais medidas.
Entre as que têm sido sugeridas estão a restrição a apenas uma pessoa, e sempre a mesma, com quem cada pessoa pode ter contacto (além de coabitantes), a redução de transportes públicos ou mesmo a supressão de transportes regionais, ou até o encerramento de empresas.
“Para mim, isto não é bem um confinamento, ainda há muitas excepções”, disse Lothar Wieler, o responsável pela autoridade de saúde, numa conferência de imprensa na quinta-feira. As novas medidas deverão ser conhecidas após a reunião da próxima terça-feira entre o Governo e os estados federados, que têm competência para decidir medidas, o que tem levado a uma variação de regras mesmo em locais com situações epidemiológicas semelhantes.
O que acontece na Alemanha – assim como em vários outros países europeus – é que as regras definidas não são cumpridas à risca, e a fiscalização é difícil.
A mobilidade tem sido significativamente maior agora do que no primeiro confinamento, disse Wieler.
Há um “grande consenso” entre os especialistas em estatística de que são precisas medidas “para chegarmos ao ponto em que a taxa de incidência baixe substancialmente e rapidamente”, disse outro responsável do RKI, Rick Brockmann. “Há muito bom senso, mas também há muitas excepções, especialmente no que diz respeito à mobilidade. As pessoas estão a mover-se muito”, comentou.
Há ainda o receio de que novas variantes, como a detectada no Reino Unido com uma maior transmissibilidade, sejam mais espalhadas com maior mobilidade entre regiões. Não é ainda possível estimar o papel destas variantes, disse Wieler. “Há a possibilidade de que a situação piore.”
“Por favor, fiquem em casa o mais que puderem”, pediu Wieler, apelando ainda às empresas que permitam mais teletrabalho. “Precisamos de empregadores responsáveis”, declarou.
A Alemanha decretou um confinamento parcial no início de Novembro, e impôs novas restrições em Dezembro. Neste momento estão encerrados bares, restaurantes, salas de espectáculos e centros culturais, lojas não essenciais, e também as escolas, que estão com ensino à distância.
Mas os casos, e sobretudo as mortes, continuam demasiado altas: na quinta-feira, 25164 novos casos e 1244 mortes, o maior número de óbitos num dia desde o início da pandemia.
O país já discutia o que está a falhar na sua estratégia de luta contra o coronavírus que, na primeira onda da pandemia, foi um exemplo na Europa: a Alemanha era um dos países com menor taxa de letalidade da covid-19. Agora, a taxa de letalidade diária tem por vezes superado a dos EUA, nota a Reuters: cerca de 15 mortes por milhão de habitantes, mais do que as 13 por milhão dos EUA.
Isto explica-se, segundo vários especialistas, por um conjunto de factores, incluindo a sorte – os primeiros infectados foram jovens que regressavam de viagens à neve, e por isso a doença matou menos pessoas no início –, que permitiu desenvolver uma boa preparação, com um programa de testes, rastreamento de contactos, e quarentena bem oleado.
Mas o problema é que o rastreamento só funciona até certo ponto. Quando há demasiados casos, os rastreadores não são suficientes e perde-se a ideia de onde estão a surgir as infecções, e já não se consegue quebrar cadeias de transmissão e prevenir novas infecções.