Estimativa de confinamento médio desta sexta-feira mostra só “ligeiro aumento”

A consultora PSE que monitoriza o confinamento médio da população portuguesa há vários meses ainda não tem, obviamente, valores finais e definitivos. No entanto, a meio desta sexta-feira tudo parecia indicar que o movimento terá sido muito semelhante ao primeiros dias da semana.

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Nelson Garrido

Nuno Santos, director da consultora especializada em ciência de dados, é cauteloso: “A nossa estimativa é de um confinamento médio que terá atingido um máximo de 40% esta sexta-feira, quando no dia anterior foi de 31%”. Em declarações ao PÚBLICO, o especialista nota que os dados finais só podem ser analisados com rigor amanhã, com o dia terminado. No entanto, parece claro que com as actuais medidas será impossível conseguir os níveis de confinamento atingidos em Março e Abril de 2020.

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Nuno Santos, director da consultora especializada em ciência de dados, é cauteloso: “A nossa estimativa é de um confinamento médio que terá atingido um máximo de 40% esta sexta-feira, quando no dia anterior foi de 31%”. Em declarações ao PÚBLICO, o especialista nota que os dados finais só podem ser analisados com rigor amanhã, com o dia terminado. No entanto, parece claro que com as actuais medidas será impossível conseguir os níveis de confinamento atingidos em Março e Abril de 2020.

O especialista em ciência de dados reconhece que um dos factores que fará a diferença entre o primeiro confinamento geral e o que começou esta sexta-feira é seguramente o movimento que o ensino presencial arrasta para as ruas. Aliás, num estudo da PSE divulgado ontem (quinta-feira) pelo PÚBLICO, os especialistas já referiam que: “Actualmente em Portugal, a população de alunos e docentes no 3º ciclo ou superiores representa 12,2% da população [no total, alunos e docentes, são mais de um milhão e 200 mil pessoas]”. Aos alunos e docentes há que somar ainda os pais e encarregados de educação que transportam muitos deles.

E “para uma visão integral do stock ‘inevitável’ de mobilidade, é fundamental compreender que actualmente a população activa corresponde a cerca de 51% da população, sendo que desta, cerca de um quinto (quase um milhão e cem mil pessoas) têm possibilidade de desempenhar as suas funções em trabalho remoto ou teletrabalho”. Ou seja, concluíam os autores do trabalho: “Esta visão permite identificar um segmento populacional de cerca de quatro milhões de pessoas que, sem que sejam encerradas actividades económicas, têm necessariamente de efectuar deslocações.”

Assim, é fácil concluir que as medidas em vigor desde a meia-noite desta sexta-feira não serão suficientes para produzir a quebra de movimento nas ruas que vimos em Março e Abril de 2020. Logo no início do dia, esse sinal foi óbvio como se descreve numa reportagem que percorreu as ruas do Porto e de Lisboa. Nas duas cidades encontrou-se um vazio ligeiramente maior do que nos dias anteriores, mas nada que se compare ao cenário desértico e silencioso do primeiro recolher obrigatório. Apesar de apenas se ter verificado uma leve quebra no movimento, os especialistas da PSE sublinham que os “portugueses têm sido exemplares no cumprimento das medidas”. Ou seja, a população está a sair de casa sem estar em incumprimento das novas regras impostas pelo Governo esta semana. Resta esperar que o bom senso e as medidas de protecção individual (desde o uso de máscara ao distanciamento social e limitação de contactos) sejam capazes de travar o assustador aumento do número de novos casos de infecção e abrandar a pandemia.