Covid-19: freguesias de Rabo de Peixe e Ponta Garça, na ilha de São Miguel, com cerca sanitária até 22 de Janeiro

Cercas serão implementadas às 00h de sexta-feira e estarão em vigor até 22 de Janeiro. Recolher obrigatório passa a ser às 20h durante a semana e as escolas continuam encerradas em São Miguel.

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Há sete dias, Rabo de Peixe tinha 97 infectados. Actualmente, regista 348 casos Rui Pedro Soares

Menos de uma semana depois de terem sido anunciadas restrições na ilha de São Miguel, nos Açores (como o recolher obrigatória a partir das 15h ao fim de semana e o encerramento das escolas), o Governo Regional voltou esta quarta-feira a anunciar novas medidas para combater a covid-19 na maior ilha açoriana, onde a situação epidemiológica está mais descontrolada.

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Menos de uma semana depois de terem sido anunciadas restrições na ilha de São Miguel, nos Açores (como o recolher obrigatória a partir das 15h ao fim de semana e o encerramento das escolas), o Governo Regional voltou esta quarta-feira a anunciar novas medidas para combater a covid-19 na maior ilha açoriana, onde a situação epidemiológica está mais descontrolada.

Dos anúncios, destaca-se a imposição de cercas sanitárias nas duas freguesias com o maior número de casos de covid-19 na região: Rabo de Peixe, que regista 348 infectados; e Ponta Garça, que tem 107 casos activos. “Optamos por criar duas cercas sanitárias em São Miguel, relativas à vila de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, e de Ponta Garça, no concelho de Vila Franca do Campo. O diploma será publicado amanhã [dia 14 de Janeiro] e esta medida específica entrará em vigor às 00h de sexta-feira”, declarou José Manuel Bolieiro, naquela que foi a sua primeira conferência de imprensa dedicada à covid-19 desde de que tomou posse como presidente do governo regional a 24 de Novembro.

As cercas vão estar em vigor até 22 de Janeiro e a medida significa o regresso de um cordão sanitário à freguesia de Rabo de Peixe, na costa norte da ilha. A 3 de Dezembro de 2020 foi implementada uma cerca naquela vila, que foi, entretanto, levantada a 14 de Dezembro, após uma operação de testagem em massa que abrangeu quase todos os cerca de nove mil habitantes da vila – e identificou 119 casos em três dias. Agora, menos de um mês depois, a vila piscatória volta a ficar isolada, depois do número de casos positivos ter estado sempre a subir nas últimas semanas. Há sete dias, Rabo de Peixe tinha 97 infectados. Actualmente, regista 348 casos.

Já Ponta Garça, freguesia rural na costa sul da ilha — com 31,38 quilómetros quadrados e 3547 habitantes (dados do Censos 2011) — tinha, há uma semana, 62 casos de covid-19 — menos 45 do que agora. Além das cercas sanitárias, naquelas duas freguesias fica proibida a circulação na via pública e os cafés e restaurantes serão encerrados.

O presidente do governo açoriano também anunciou alterações no recolher obrigatório, que passa a ser das 20h (em vez de 23h) até às 5h durante a semana. Ao fim-de-semana mantém-se o horário tal qual foi anunciado há uma semana: das 15h às 5h. Serão também encerrados ginásios, piscinas cobertas, casinos e de estabelecimentos de jogos na ilha de São Miguel.

Já os restaurantes e cafés vão continuar encerrados a partir das 15h (com a possibilidade de take-away a partir dessa hora) e todas as escolas vão permanecer fechadas na maior ilha açoriana. “A avaliação que fazemos é a de que devemos renovar as medidas deste sistema pioneiro no quadro da prorrogação do estado de emergência para o país, pelo que vamos reforçar as que se justificam e nos lugares onde a transmissão é mais grave”, apontou o líder do executivo açoriano.

Face ao encerramento das escolas, José Manuel Bolieiro também anunciou a criação de uma medida de apoio aos pais que tenham de ficar em casa com os filhos, que prevê o pagamento integral da perda comprovada de rendimento de um dos pais, abrangendo os beneficiários cujo rendimento não seja superior em 3,5 salários mínimos.

Na economia, o executivo vai criar um apoio, dotado em dez milhões de euros, para apoiar a liquidez das empresas e vai atribuir 75% do valor recebido em 2020 às empresas que acederam aos programas de liquidez e ao complemento regional ao layoff. “Como sempre disse, antes ser excessivo na prudência do que negligente na acção. Mesmo nos Açores a nossa realidade epidemiológica é muito específica e diferente de ilha para ilha”, concluiu Bolieiro.

Longe vai o mês de Junho de 2020, quando foi anunciado que não existia qualquer caso de covid-19 no arquipélago. Actualmente, existem 879 casos positivos activos nos Açores: 839 em São Miguel, 33 na Terceira, dois no Faial e cinco nas Flores. Desde o início da pandemia foram registados 2845 casos de infecção, verificando-se 23 óbitos e 1846 recuperações.