Sem medo de ser preso, Navalny anuncia que vai regressar à Rússia

O opositor de Putin passou cinco meses na Alemanha a recuperar do envenenamento sofrido no Verão, que disse ter sido orquestrado pelo Presidente russo.

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Alexei Navalni vai regressar no domingo à Rússia Reuters

A principal figura da oposição russa, Alexei Navalny, anunciou que pretende regressar à Rússia no domingo, cinco meses depois de ter sido envenenado naquilo que disse ter sido uma tentativa de homicídio ordenada pelo Kremlin.

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A principal figura da oposição russa, Alexei Navalny, anunciou que pretende regressar à Rússia no domingo, cinco meses depois de ter sido envenenado naquilo que disse ter sido uma tentativa de homicídio ordenada pelo Kremlin.

Navalny regressa à Rússia arriscando-se a ser preso assim que aterrar, mas nem por isso desiste de voltar ao seu país. “A questão sobre se iria ‘regressar ou não’ nunca se me afigurou”, disse o político, através do Twitter. Navalny garante que nunca abandonou o país. “Acabei na Alemanha, tendo aqui chegado numa cama de cuidados intensivos”, acrescentou.

O opositor foi levado para a Alemanha em Agosto depois de se ter sentido mal num aeroporto da Sibéria. As investigações posteriores revelaram que tinha sido envenenado com recurso ao agente de nervos Novichok. Vários governos europeus apontaram o dedo aos serviços secretos russos, que terão agido sob ordens do Kremlin.

O Presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou as acusações e disse que Navalny nunca foi uma preocupação do regime, apesar de nos últimos anos se ter assumido como o principal rosto da oposição ao Rússia Unida.

Navalny deixou um apelo aos seus apoiantes para o receberem no domingo. “A 17 de Janeiro, domingo, vou regressar a casa num voo da Pobeda. Venham receber-me”, escreveu o político. Porém, o mais provável é que seja recebido pela polícia russa e seja preso. Esta semana, a justiça russa alterou uma pena suspensa de prisão para uma pena efectiva num caso em que  foi condenado por fraude – e que Navalny diz ser politicamente motivado.

Apesar da perspectiva de poder ser preso assim que aterre em Moscovo, o activista mantém a postura desafiante. “Sobrevivi. E agora Putin, que deu a ordem para o meu assassínio, está aos gritos no seu bunker a dizer aos seus servos para fazerem de tudo para que eu não regresse”, disse Navalny.

Para além da condenação por fraude, o político é acusado de ofensas por um empresário, que exige uma indemnização milionária, e é alvo de investigações por desvio de fundos associados à sua Fundação de Anticorrupção.

Navalny tem sido uma das figuras mais incómodas para o Kremlin, sobretudo pelas revelações que fez ao longo dos anos sobre o envolvimento de figuras de topo da hierarquia do regime em esquemas de corrupção.

O Kremlin enfrenta um ano desafiante, com eleições parlamentares nos próximos meses em que Putin pretende manter a supermaioria do Rússia Unida na Duma num momento de impopularidade crescente e incerteza face à pandemia. Para evitar protestos, foram aprovadas regras mais apertadas para regular manifestações que, na prática, as tornam impossíveis.