A Livraria Campos Trindade vai fechar na Rua do Alecrim, mas não é o seu fim
Livraria fundada por Tarcísio Trindade fecha portas no fim do mês devido à renda “incomportável” do espaço que ocupa na Rua do Alecrim. Mas este não é o fim de um projecto de vida que começou há 44 anos. Bernardo Trindade quer reabrir a livraria num outro espaço. “Eu só sei fazer isto. Vou continuar.”
O percurso enche de “orgulho” Bernardo Trindade. Afinal, foi ali que começou, ainda criança, a andar à volta dos livros, quando o pai, Tarcísio Trindade, decidiu abrir a Livraria Campos Trindade na Rua do Alecrim, em Lisboa, há 44 anos. Este mês de Janeiro marca o fim de um capítulo, mas não o fim da história: a livraria vai fechar as portas, mas a intenção é que reabra, daqui a uns meses, num outro espaço que não está ainda definido.
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O percurso enche de “orgulho” Bernardo Trindade. Afinal, foi ali que começou, ainda criança, a andar à volta dos livros, quando o pai, Tarcísio Trindade, decidiu abrir a Livraria Campos Trindade na Rua do Alecrim, em Lisboa, há 44 anos. Este mês de Janeiro marca o fim de um capítulo, mas não o fim da história: a livraria vai fechar as portas, mas a intenção é que reabra, daqui a uns meses, num outro espaço que não está ainda definido.
A história desta livraria-alfarrabista havia de nascer da paixão e do amor de Tarcísio Trindade pelos livros, alguns que atravessam séculos, que descobria e recuperava. Apesar de ter escolhido a capital para abrir este espaço, é em Alcobaça que estão as suas origens. Foi presidente da câmara de Alcobaça ainda antes do 25 de Abril e foi preso por razões políticas.
Bernardo, hoje com 48 anos, cresceu no meio dos livros. O pai ensinou-lhe a profissão e acabaria por herdar o negócio, quando a doença não permitiu que Tarcísio continuasse a exercer a sua função.
Fez-se livreiro-alfarrabista. Ainda hoje, procura livros antigos, raros, especiais. E, por isso, há também uma especial atenção aos compradores, para tentar que cada livro vá parar a mãos que lhe dêem o devido valor. Mas também procura ter livros acessíveis, a pensar nos estudantes.
“Sempre tivemos muita gente”, diz Bernardo Trindade. Depois de um ano difícil, a decisão de encerramento prende-se com a renda “incomportável” que paga pelo espaço. “Deixou de fazer sentido estar a pagar essa renda altíssima.” Com a pandemia, alguns dos clientes mais velhos resguardaram-se mais em casa e deixaram de ir à loja.
Esta quarta-feira, prevê, será o último dia aberto ao público, uma vez que com a renovação do estado de emergência, decorrente da situação pandémica, o comércio deverá encerrar novamente.
Até ao final do mês, é tempo de encaixotar 44 anos de história. Sem lamentos e preferindo que se “homenageie a livraria da maneira como ela sempre foi: simples, verdadeira e alegre, em vez de centrar o final de um ciclo num cortejo de lamentos ou sentimentos de perda.” A quem quiser aparecer para a despedida, o livreiro apela a que leve uma uma flor para colocar nas grades da porta e da montra.
O futuro deverá ser desenhado nos próximos meses. “Eu só sei fazer isto. Vou continuar”, afiança Bernardo Trindade. Ainda não sabe onde, mas é sua intenção reabrir um novo espaço.
O que continuará activo é o site da Livraria Campos Trindade, onde se encontram para venda livros antigos, mas à distância de um telefonema ou de um email o livreiro garante que há um mundo de livros para descobrir.