Reportagens da Antena 1 vão ter língua gestual e legendas na RTP Play
Estação de rádio salienta que “a missão de serviço público deve procurar ser o mais inclusiva e abrangente possível”. Primeira reportagem a receber este tratamento é Marco, trabalho da jornalista Rita Colaço que narra as dificuldades sentidas por um surdo profundo de 21 anos na sua chegada à faculdade.
A partir deste ano, todos os trabalhos jornalísticos do programa Grande Reportagem, da Antena 1, serão disponibilizados em Língua Gestual Portuguesa (LGP) e com legendagem na plataforma RTP Play. “Em Portugal estima-se que possam existir até 150 mil pessoas surdas ou com deficiência auditiva. São milhares de pessoas que não têm acesso ao meio rádio. A Antena 1 quer quebrar essa ‘barreira do som’. A equipa de informação da rádio pública acredita que a missão de serviço público deve procurar ser o mais inclusiva e abrangente possível”, assinala a estação no site da RTP, no texto que acompanha Marco, a primeira reportagem a receber este tratamento.
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A partir deste ano, todos os trabalhos jornalísticos do programa Grande Reportagem, da Antena 1, serão disponibilizados em Língua Gestual Portuguesa (LGP) e com legendagem na plataforma RTP Play. “Em Portugal estima-se que possam existir até 150 mil pessoas surdas ou com deficiência auditiva. São milhares de pessoas que não têm acesso ao meio rádio. A Antena 1 quer quebrar essa ‘barreira do som’. A equipa de informação da rádio pública acredita que a missão de serviço público deve procurar ser o mais inclusiva e abrangente possível”, assinala a estação no site da RTP, no texto que acompanha Marco, a primeira reportagem a receber este tratamento.
Este trabalho, lançado esta terça-feira, é assinado pela jornalista Rita Colaço, coordenadora da Grande Reportagem, e narra a história recente de Marco, surdo profundo de 21 anos que este ano lectivo iniciou a licenciatura em Informática e Gestão de Empresas no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). “A faculdade não tem um intérprete de língua gestual, o que essencialmente significa que ele passou as duas primeiras semanas de aulas à nora. Não conseguia comunicar com os professores, passou o tempo todo simplesmente a olhar para uma pessoa com máscara; nem sequer tinha como fazer leitura labial, que é uma estratégia que ele não domina de qualquer das formas”, conta a jornalista, por telefone, ao PÚBLICO.
A reportagem diagnostica alguns dos principais constrangimentos que dificultam a integração de alunos surdos ou com deficiência auditiva nas instituições de ensino superior. “Numa primeira fase, o ISCTE disse ao Marco que ele teria de pagar 25 euros por hora para ter uma intérprete nas aulas; depois, sugeriu que poderia recorrer a uma bolsa de apoio financeiro. Mas essa bolsa, como o nome já sugere, é para alunos com dificuldades financeiras. Não é que ele não as tenha, mas o problema aqui é de outra natureza”, refere Rita Colaço, que aponta também para os desafios que o estudante tem enfrentado nas aulas à distância. “Ele liga-se por um computador e a intérprete por outro; o Marco tem de colocar o volume do computador dele no máximo para a intérprete conseguir perceber o que está a ser dito nas aulas. Depois há delays, soluços, falhas na ligação…”, observa.
Para a jornalista, foi essencial incluir também a legendagem em vez de apenas a LGP porque, dessa forma, a Grande Reportagem pode chegar a pessoas que, não sendo surdas, têm outro tipo de dificuldades auditivas. “Isto é muito importante se pensarmos nas faixas etárias mais velhas. A rádio foi uma grande presença para as gerações dos anos 1960. Este pode ser um bom mecanismo para os idosos se reencontrarem com um meio que já lhes foi tão querido”, assinala. Quanto à LGP, esta iniciativa da Antena 1 “remove o intérprete do ‘quadradinho’”, colocando-o “no centro do ecrã, em tamanho real, num fundo neutro”. Assim, preserva-se “a essência da rádio”, que é ela poder “continuar a ser ‘ouvista’ às escuras”.