Governo assume confinamento de um mês. PSD diz que pode não chegar
Costa tem conforto científico para endurecer o confinamento por um período de um mês, mas a decisão sobre as escolas terá de ser política. Cientistas mostraram-se divididos. Partidos querem mais apoios perante impacto duro na economia.
O Governo tem o consenso dos cientistas para adoptar um confinamento mais apertado pelo período de um mês, período durante o qual vigorarão restrições semelhantes às aplicadas em Março e Abril do ano passado. Por decidir está se as escolas para os alunos com mais 12 anos ficam abertas ou se fecham. Uma matéria que gerou divisões entre os técnicos ouvidos na sessão do Infarmed. À saída do encontro, os partidos falaram em “tsunami”, “situação dramática” e números “históricos” para se referirem ao agravamento da crise sanitária.
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O Governo tem o consenso dos cientistas para adoptar um confinamento mais apertado pelo período de um mês, período durante o qual vigorarão restrições semelhantes às aplicadas em Março e Abril do ano passado. Por decidir está se as escolas para os alunos com mais 12 anos ficam abertas ou se fecham. Uma matéria que gerou divisões entre os técnicos ouvidos na sessão do Infarmed. À saída do encontro, os partidos falaram em “tsunami”, “situação dramática” e números “históricos” para se referirem ao agravamento da crise sanitária.
Numa altura em que o Governo se prepara para fechar o país, realizou-se mais uma reunião com os peritos em saúde pública, no Infarmed. O primeiro-ministro anunciou no final as principais conclusões: houve um consenso para que as medidas “tenham um horizonte de um mês e com um perfil no início da pandemia”, ou seja, Março e Abril. A divergência esteve na questão das escolas. Fora de causa está a interrupção da avaliação que decorre no ensino superior - até porque nessa fase os alunos “fazem menos deslocações”, explicou depois o socialista José Luís Carneiro – e “nada justifica fechar as escolas até aos 12 anos”. Mas se estes são pontos de certeza, a incerteza está em torno do que fazer à escola para os alunos acima dos 12 anos. Aqui houve uma “divergência particularmente viva” entre os peritos e, por isso, a decisão será política depois de ouvidos também os responsáveis do sector da educação.
À saída do encontro todos os responsáveis dos partidos usaram expressões graves para pintar o quadro sobre a evolução da pandemia. Inês Sousa Real do PAN falou em “tsunami sanitário”, Francisco Rodrigues dos Santos do CDS em “situação dramática” e Moisés Ferreira do BE em incidência “histórica”.
Mais tempo de confinamento para controlar pandemia
Mas foi de Ricardo Baptista Leite do PSD que surgiu um dos números que melhor parece ilustrar a gravidade da situação da pandemia. Um mês de confinamento pode não chegar para regressar a números de casos diários de infecção que indiquem que a situação está controlada. “Poderemos demorar entre seis a oito semanas para reduzir o número de infectados desça até 3500”, disse o deputado social-democrata, que pediu um reforço da testagem já que o país não pode andar a confinar e a desconfinar. Baptista Leite defendeu ainda a importância de serem conhecidas as cadeias de transmissão do vírus e avançou que “em 87% dos casos não se sabe onde aconteceram os contágios”.
Além da gravidade da situação, foi claro o consenso entre os partidos de que um novo confinamento exigirá mais apoios. “Este é momento de emergência, mas para encetar medidas de fundo no plano social, em relação aos lares e à protecção dos trabalhadores e dos micro, pequenos e médios empresários. Exigem-se essas medidas de apoio”, disse o líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Mariana Silva, do PEV, insistiu na ajuda do Governo para pagar a conta da luz, uma medida que vai avançar. Sobre os recursos para fazer face a novos apoios, o BE lembrou que “a prioridade é a população. Não são as regras de Bruxelas”.
Quanto à questão das escolas – se fecham ou se se mantêm abertas – os partidos mostraram ter posições diferentes. Se, por exemplo, o CDS considera que seria de diminuir o todos os possíveis riscos e, portanto, inclina-se para o encerramento, já o PCP tem uma posição contrária. “Era importante essa abertura, na medida em que a escola em si mesma não é factor de agravamento de qualquer surto”, afirmou Jerónimo de Sousa. Um ponto também sublinhado por Costa: “Foi consensual que não é a escola em si ser um foco de contaminação, mas é por ser um factor de maior acréscimo de movimentação”.
Do Chega surgiram críticas à “cegueira ideológica” que impede o Governo de negociar com privados para reforçar a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a IL acusou o executivo de “incapacidade” que terá um “enorme custo económico e social”.
O agravamento da situação pode ainda gerar um consenso político mais alargado quanto a renovação do estado de emergência for a votos esta quarta-feira na Assembleia da República. Além do PSD e do PS, o CDS disse que “desta vez” vota favoravelmente o estado de emergência. Com Sónia Sapage