Sindicato vai impugnar judicialmente directiva da PGR sobre subordinação hierárquica
Para o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMPP), o processo de nomeação do procurador europeu foi pautado por “atropelos à legislação, falta de transparência e influência política”.
O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) vai avançar para a impugnação judicial da directiva da Procuradora-Geral da República (PGR) sobre a subordinação hierárquica no processo penal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) vai avançar para a impugnação judicial da directiva da Procuradora-Geral da República (PGR) sobre a subordinação hierárquica no processo penal.
Os delegados do SMMP, que estiveram reunidos no sábado em assembleia, recomendaram à direcção do sindicato que impugne a directiva por considerarem que viola “o Estatuto do Ministério Público e o Código do Processo Penal”, afirma aquele organismo, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
O sindicato vai também pedir um parecer a um professor universitário para sustentar a acção a intentar, referiu o SMMP.
A directiva, sustentam, “não é compatível com o conceito de Ministério Público como uma magistratura”, podendo pôr em causa a autonomia interna dos magistrados, que “é a maior garantia para o cidadão de que o Ministério Público e a investigação criminal não são politizados”.
Segundo a nota de imprensa, o SMMP critica ainda o facto de a directiva não reconhecer “qualquer autonomia técnica e táctica aos magistrados titulares dos processos para que estes possam conduzir as investigações, já que permite, a todo o tempo, a interferência dos superiores hierárquicos”.
Na assembleia, também foi criticado o processo de nomeação do procurador europeu, salientando os delegados que as nomeações “com base em critérios de natureza política podem comprometer a independência da investigação”.
“Não pondo em causa os candidatos, o processo de nomeação do procurador europeu foi pautado por atropelos à legislação, falta de transparência, influência política, designadamente por via diplomática, na escolha de um dos candidatos, com fornecimento de dados falsos pelo Governo português”, criticam, considerando que o processo se pautou “pela opacidade, desconhecendo-se ainda todos os pormenores relevantes referentes ao mesmo”.