Mortalidade 13% acima do normal desde o início da pandemia
A covid-19 é responsável por cerca de metade dos óbitos em excesso registados desde Março, ou seja 6777. Faleceram quase 100 mil pessoas desde que o primeiro caso da doença foi detectado.
Quase 100 mil faleceram em Portugal desde o início da pandemia, considerando todas as causas de morte. O total de óbitos está 13% acima do normal para o mesmo período do ano, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE), que publicou esta sexta-feira os dados preliminares relativos a 2020. O excesso de mortalidade (óbitos acima do que seria de esperar, tendo em conta a média dos últimos cinco anos, nesta época do ano) afecta sobretudo as mulheres e os idosos.
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Quase 100 mil faleceram em Portugal desde o início da pandemia, considerando todas as causas de morte. O total de óbitos está 13% acima do normal para o mesmo período do ano, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE), que publicou esta sexta-feira os dados preliminares relativos a 2020. O excesso de mortalidade (óbitos acima do que seria de esperar, tendo em conta a média dos últimos cinco anos, nesta época do ano) afecta sobretudo as mulheres e os idosos.
De acordo com o INE, entre 2 de Março, data em que foram diagnosticados os primeiros casos de covid-19 em Portugal, e 27 de Dezembro, registaram-se 99.356 óbitos em território nacional. São mais 12.852 mortes do que a média do mesmo período nos últimos cinco anos – um aumento de 13%.
O aumento do número de infecções pelo vírus SARS-CoV-2 desde o Outono também fez aumentar a proporção das mortes associadas à covid-19. Se, no final do mês de Outubro, a doença explicava menos de um terço dos óbitos em excesso registados desde o início da pandemia, neste momento a covid-19 é responsável por 52% das mortes superiores ao normal (6777).
“O acréscimo do número de óbitos é, à medida que nos aproximamos do final do ano, cada vez mais explicado pelo aumento dos óbitos por covid-19”, sublinha o relatório. Nas semanas 48, 51 e 52 (todas no mês de Dezembro), o número de mortes associadas ao vírus SARS-CoV-2 “superou o aumento da mortalidade relativamente às semanas homólogas”.
Segundo os dados que o INE publica nesta sexta-feira, nas últimas quatro semanas, o número de vítimas mortais provocadas pela pandemia foi 15,3% superior à média do período homólogo de 2015 a 2019. O maior número de mortes de 2020 foi registado na semana de 7 a 13 de Dezembro: 2992.
Esta evolução é também notada no último boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios, divulgado na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), que o PÚBLICO noticia esta sexta-feira. Portugal está com excesso de mortalidade há dez semanas consecutivas, desde 26 de Outubro, considerando todas as causas de morte.
Tal como o INE já tinha sublinhado em relatórios anteriores, o número de óbitos nos primeiros dois meses de 2020 tinha sido inferior à média dos cinco anos anteriores. A tendência inverteu-se na semana de 9 a 15 de Março atingindo um pico na semana de 6 a 12 de Abril, reduzindo-se gradualmente até ao fim do primeiro período de Estado de Emergência. Houve um novo pico em Julho de 2020, “um mês extremamente quente e com várias ondas de calor”, recorda o INE. A partir do final de Setembro, “o número de óbitos aumentou de forma continuada”.
De acordo com o relatório que o INE divulga esta sexta-feira, o excesso de mortalidade afecta sobretudo mulheres e idoso. Desde o início da pandemia morreram mais 5833 homens e 7019 mulheres do que a média do mesmo período nos cinco anos anteriores. Mais de 70% das mortes foram de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos. Comparativamente à média do período homólogo de 2015 a 2019, morreram mais 10.886 pessoas com 75 e mais anos, a maior parte delas (8.038) com 85 anos ou mais.
Cerca de 60% das mortes de 2 de Março a 27 de Dezembro ocorreram em estabelecimentos hospitalares (60.024) – mais 5650 do que no período homólogo que serve de comparação. Contudo, o excesso de mortes face aos cinco anos anteriores é maior nos falecimentos registados fora de contexto hospitalar. Foram mais 7202 (39.332 no total).