Ala pediátrica do S. João a funcionar no último trimestre deste ano

O presidente do conselho de administração do hospital do Porto diz que já avançaram os concursos para aquisição do equipamento necessário, para que tudo esteja a funcionar ainda este ano, cumprindo o orçamento previsto.

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O esqueleto do edifício da futura ala pediátrica do Centro Hospitalar e Universitário de S. João, no Porto, já se ergue em toda a sua dimensão de cinco pisos acima do solo. Lá dentro, entre paredes descarnadas, de tijolo, cimento e muitos fios à mostra, o movimento constante de trabalhadores vai alimentando a promessa que o grosso da obra estará terminada até ao final do primeiro semestre, permitindo que o espaço seja equipado e testado, entrando em funcionamento no último trimestre deste ano. É essa a previsão do presidente do conselho de administração do hospital, Fernando Araújo, que, esta sexta-feira, visitou a empreitada na companhia do bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.

Não é a primeira vez que o bispo auxiliar ali vai e o que encontrou nesta manhã gelada de sol era bem diferente do cenário de há quase um ano. “O aparato é muito diferente do ano passado”, comentava, por isso, com Fernando Araújo, quando se encaminhava para a entrada do edifício orçado em 26,7 milhões de euros e que terá, além das mais diversas especialidades, 98 camas nas enfermarias e três blocos cirúrgicos, um dos quais totalmente dedicado à unidade de queimados que ali irá nascer.

Escada acima, escada abaixo, entre cabos, fios, máquinas e homens a trabalhar, Fernando Araújo e Américo Aguiar deixaram-se guiar pelo engenheiro Jorge Sousa, que ia deslindando o futuro entre as paredes ainda despidas de quase tudo. Ali, no 3.º piso, ficará a unidade de queimados, com ligação ao bloco cirúrgico, no 4.º está a zona de gastroenterologia. A médica Eunice Trindade, desta área, anima-se particularmente com este espaço ainda vazio de tudo, mostrando ao bispo auxiliar de Lisboa uma fotografia que guardou no telemóvel de uma intervenção realizada um pouco antes, a uma criança de quatro anos a quem foi necessário retirar uma peça que tinha engolido. “Por aqui se vê que não temos condições óptimas”, vai dizendo, olhando para o telemóvel.

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Nelson Garrido

No 2.º piso ficarão as enfermarias e este é o piso mais adiantado, devendo ser o primeiro a ficar completamente concluído, ainda que não entre em funcionamento antes de todo o edifício estar concluído. Há quartos para dois doentes e outros para apenas um, com espaço para colocar uma cama para os pais. “Tentámos introduzir nesta ala pediátrica os conceitos mais avançadas do ponto de vista do internamento de pediatria. E a verdade é que para as crianças que vão ficar aqui connosco, infelizmente por largos períodos, os pais vão poder ficar alojadas com elas, dormir ali. Queremos um ambiente que de alguma forma minore este sofrimento que acabam por ter, por vezes por longos períodos, e que é extremamente penalizador para todos”, explicaria, no final da visita, Fernando Araújo.

Apesar dos constrangimentos causados pela pandemia – que afectou alguns trabalhadores envolvidos na construção do edifício e também o fornecimento de alguns materiais, explicou o responsável do S. João , mantém-se a previsão de ter o grosso da obra concluída no final do primeiro semestre. “Depois há a necessidade de instalação de equipamentos pesados, estamos a falar em blocos operatórios, unidade de queimados... Neste momento já estão a decorrer concursos para adquirir esse material, depois é equipar [a ala], prepará-la, testá-la. É expectável que tenhamos aqui doentes e profissionais, que é o que mais nos importa, no quarto trimestre deste ano”, afirmou.

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A futura ala pediátrica tem cinco pisos acima do solo Nelson Garrido

Fernando Araújo diz que até Junho devem estar concluídos todos os concursos para a aquisição de equipamento que permitirá que a futura ala pediátrica cumpra “os melhores padrões que existem no mundo, do ponto de vista técnico”, fazendo deste espaço “um local de inovação, mas com muito humanismo e dedicado a que as crianças sofram o menos possível quando estão internadas”. Há quem pense que o lançamento dos concursos foi “precoce”, mas, para o responsável máximo do S. João, é mais um sinal da confiança no cumprimento dos prazos existentes: “Não queremos que haja qualquer entrave, quando a obra estiver pronta. Queremos ter tudo para os blocos operatórios, ventiladores, tudo pronto.”

A directora clínica do S. João, Maria João Baptista, que é também cardiologista pediátrica (e o hospital é a unidade de referência do Norte para cardiopatias congénitas) classifica como “uma imensa vitória” ver crescer a obra há tanto tempo esperada e que esteve envolvida em vários imbróglios, obrigando a Pediatria do S. João a funcionar em contentores durante cerca de 12 anos, antes de ser encontrado espaço para ela na estrutura do hospital, em Julho de 2019.

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Nelson Garrido

Já o bispo auxiliar de Lisboa preferiu o termo “explosão de esperança” para o que ali viu. “Com tantas más notícias que vamos tendo diariamente, o nosso objectivo foi provocar uma explosão de esperança, para acreditarmos que este ano de 2021vai ter muitas coisas boas”, disse.

O reencontro ficou marcado para o Natal deste ano, para uma nova visita, já com a nova ala pediátrica a funcionar. Até lá, Américo Aguiar diz que vai fazer o seu trabalho. “Que é rezar, para que tudo corra bem”.