Sporting sobrevive a uma “luta na lama” frente ao Nacional
Na Choupana, madeirenses e lisboetas enfrentaram a chuva, o vento e a lama. Deste jogo não se pode falar de quem jogou bem ou mal, mas apenas de quem melhor se adaptou ao lamaçal. Essa equipa foi o Sporting, que poderia ter goleado.
Em 1998, na Finlândia, foi criado o primeiro campeonato de Suopotkupallo, termo local para “futebol na lama”. Nesta sexta-feira, na Madeira, num relvado que foi pouco menos do que um “batatal”, Nacional e Sporting deram os primeiros passos nessa modalidade alternativa ao futebol, entrando num "Suopotkupallo à portuguesa”.
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Em 1998, na Finlândia, foi criado o primeiro campeonato de Suopotkupallo, termo local para “futebol na lama”. Nesta sexta-feira, na Madeira, num relvado que foi pouco menos do que um “batatal”, Nacional e Sporting deram os primeiros passos nessa modalidade alternativa ao futebol, entrando num "Suopotkupallo à portuguesa”.
Os “leões” tiveram a sagacidade de perceberem como se joga na lama e seguem invencíveis na I Liga, depois do triunfo frente ao Nacional, por 0-2, em jogo da ronda 13 do campeonato nacional.
A chuva que caiu na Madeira deixou o relvado num estado tal que os jogadores pura e simplesmente abdicaram de driblar e construir jogadas pelo chão. E bem. O relvado não estava para isso.
Deste jogo não se pode falar de quem jogou bem ou mal ou quem fez boas jogadas e grandes golos. Do duelo do Funchal fala-se, apenas, de quem melhor se adaptou ao Suopotkupallo. E essa equipa foi o Sporting, que poderia ter goleado.
Na lama da Madeira, a equipa de Rúben Amorim não foi brilhante, nem poderia ser, mas o brilhantismo futebolístico não passa só pela arte, pela táctica e pela técnica. Passa, também, por identificar na perfeição o que deve fazer em cada jogo. Neste, tal passou pela vontade e determinação.
Palhinha fundamental
Os “leões” ainda tentaram alguns dos movimentos tácticos habituais – como a aproximação de Nuno Santos e Pote entre linhas e em zonas interiores, libertando espaço nos corredores para surgirem os laterais –, mas cedo percebeu que seriam inúteis. E também cedo o jogo se transformou naquilo que poderia ser: um festival de jogo directo para os jogadores mais fortes fisicamente.
João Palhinha e Sporar assumiram-se como elementos fundamentais nesta partida, com destaque para o médio, que subiu uns metros no relvado para dar várias valências: disputou segundas bolas, ganhou bolas no ar – Adán dirigia-lhe os pontapés de baliza – e até chegou a fazer trabalho de “pivot”, de costas para a baliza – fê-lo um par de vezes, ganhando um livre perigoso numa delas.
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Também Sporar teve um papel decisivo. Aos 43’, lutou no ar e ajudou Nuno Santos a receber a bola de costas para a baliza. Este soltou para Pedro Gonçalves, que, por sua vez, libertou Nuno Mendes na esquerda. Sem “invenções”, o lateral cruzou largo, Pedro Gonçalves, ao segundo poste, devolveu para a área e Nuno Santos empurrou para a baliza. O Sporting chegou ao golo como poderia chegar: trabalho físico de Sporar e Nuno Santos e cruzamento para a área de Nuno Mendes.
Na primeira parte, os restantes lances de perigo não foram por via diferente desta. Aos 7’, um cruzamento de Feddal acabou com remate de Porro por cima. Aos 34’, houve um remate de Pedro Gonçalves na zona da marca de penálti (defendido por Daniel Guimarães), depois de uma confusão na área. Aos 36’, Palhinha cabeceou por cima após um canto.
Apesar de jogar fora de casa, foi o Sporting quem entendeu este relvado, frente a um Nacional que insistia em sair em transições pelo chão – e os passes ficavam invariavelmente curtos, presos pelo lamaçal.
Sporting poderia ter goleado
Para a segunda parte, percebendo que este jogo não estava para transições, mas sim para jogo directo e presença física em zonas ofensivas, Luís Freire montou um 4x4x2 com Rochez e Riascos na frente.
Apesar de mais preparado para o Suopotkupallo, o Nacional não foi necessariamente mais capaz do que tinha sido até então. A equipa teve mais presença ofensiva, como pretendia, mas o trio de centrais do Sporting esteve competente na luta física e afastou as bolas como pôde.
Apesar da vantagem e do jogo impróprio para malabarismos ofensivos, o Sporting resistiu a baixar as linhas e, a jogar a favor do vento, teve mesmo oportunidades para dilatar a vantagem.
Aos 64’, Pedro Gonçalves conseguiu ganhar as costas à defesa adversária e rematou para defesa de Daniel Guimarães – o guardião voltou a vencer o duelo com o médio “leonino”.
Um minuto depois, Pedro Gonçalves fez duas vezes o que parecia impossível: primeiro conseguiu um drible, algo quase inédito neste jogo, e, depois do drible, rematou por cima quando nada parecia poder tirar-lhe o festejo.
Pouco depois de substituir Sporar, Tiago Tomás foi lançado por Nuno Santos e rematou para nova defesa de Daniel Guimarães, sempre seguro, mesmo com o rosto coberto de lama. E ainda houve um remate perigoso de Palhinha, aos 77’, e um disparo de Pedro Gonçalves ao poste, aos 83’. Aos 90’, Jovane, acabado de entrar na partida, deu justiça ao resultado, após um falhanço na defesa madeirense.
O Sporting poderia ter saído da Madeira com um resultado ainda mais confortável, mas teve de sofrer até ao final. E “sofrer”, dado o que se passou – com chuva, vento e lama – soará até a eufemismo.