Açores apertam cerco à covid-19: escolas fechadas, recolher obrigatório e restaurantes encerrados às 15h
As medidas aplicam-se à ilha de São Miguel, que tem apresentado um aumento do número de casos. Esta quinta-feira, arquipélago registou 103 novos infectados.
Depois de um período festivo sem grandes restrições, os Açores apertam agora o cerco à covid-19, devido ao aumento do número de casos nos últimos dias. A região tem quatro concelhos com o alto risco de contágio – Ponta Delgada, Vila Franca do Campo, Lagoa e Ribeira Grande –, com mais de 100 casos positivos por mil habitantes. São quatro dos seis concelhos da ilha de São Miguel.
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Depois de um período festivo sem grandes restrições, os Açores apertam agora o cerco à covid-19, devido ao aumento do número de casos nos últimos dias. A região tem quatro concelhos com o alto risco de contágio – Ponta Delgada, Vila Franca do Campo, Lagoa e Ribeira Grande –, com mais de 100 casos positivos por mil habitantes. São quatro dos seis concelhos da ilha de São Miguel.
Face aos números, foram anunciadas novas medidas de controlo à pandemia. Esta quinta-feira, em conferência de imprensa, o secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, anunciou a proibição de circulação na via pública entre as 23h e as 5h nos dias semana e das 15h às 5h ao fim-de-semana. É a introdução do recolher obrigatório no arquipélago pela primeira vez durante a pandemia
Foi determinada, também, a implementação do ensino à distância em todos os estabelecimentos de ensino da ilha, independentemente dos níveis de escolaridade. Os restaurantes e cafés vão passar a encerrar às 15 horas e o comércio local e os centros comerciais às 20h. Os cafés e restaurantes poderão funcionar em take-away a partir das 15h. O teletrabalho passa a ser obrigatório “sempre que as funções” permitem e na via pública apenas poderão coexistir grupos até quatro pessoas que não sejam do mesmo agregado familiar.
As medidas irão vigorar durante o período do novo estado de emergência, de sexta-feira até 15 de Janeiro. Vão ser aplicadas a toda a ilha de São Miguel, apesar de existirem dois concelhos micaelenses com risco de contágio baixo – Povoação e Nordeste (curiosamente dois dos concelhos mais afectados aquando da primeira vaga, que representam cerca de dez mil pessoas numa ilha com 137 mil habitantes). A aplicação generalizada das medidas em toda a ilha pretende evitar o “espalhar” o vírus, segundo o secretário regional.
Além daqueles quatro, todos os outros 15 concelhos dos Açores situam-se na categoria de baixo risco de contágio, segundo a escala em semáforo que divide os territórios em baixo, médio e alto risco de propagação. Por isso, para esses concelhos, “a situação não exige qualquer atenção ou preocupação especial”, disse Clélio Meneses.
Os dados ajudam a perceber que o aumento de casos nos Açores tem ocorrido, sobretudo, em São Miguel. Esta quarta-feira foram anunciados mais 103 casos positivos nos Açores, 100 em São Miguel e três na Terceira. É segundo dia com mais casos positivos identificados desde o início da pandemia na região. O número diário mais elevado de sempre foi registado a 5 de Dezembro, aquando da testagem em massa à população de Rabo de Peixe (105 novos casos). Actualmente, a região tem 564 casos positivos, 519 em São Miguel, 39 na Terceira, três nas Flores e três no Faial.
O “desnorte”
As medidas – ou a falta delas – aplicadas no combate à pandemia levaram a uma troca de argumentos aguerrida entre o PS-Açores e o executivo regional, liderado pelo PSD. A propósito da declaração de voto ao estado de emergência, Vasco Cordeiro, anterior presidente do governo açoriano, defendeu uma mudança “urgente” nas políticas e criticou o “desnorte” e a “desorientação” do executivo. Segundo o socialista, agora líder parlamentar regional do PS, os dados dos últimos dias “demonstram, crua e cruelmente, que a situação não está nem estável, nem equilibrada”.
Na conferência de imprensa desta manhã, o secretário regional de Saúde acusou Vasco Cordeiro de “semear o pânico”. “Alguns habituarem-se a aparecer todos os dias, a ter um protagonismo na comunidade e na sociedade muito intenso e entendo que tenham necessidade de contrapor essa falta de protagonismo com algumas declarações, mas que as façam com verdade”, criticou Clélio Meneses.
Segundo a Lusa, no mês de Dezembro foram registados nos Açores 916 casos de infecção pelo novo coronavírus, o que representa 47,1% do total verificado ao longo do ano (1.942), também devido à testagem à população de Rabo de Peixe.
Nos últimos dois dias, foram registados 173 novos casos de covid-19 no arquipélago. Desde o início da pandemia, a região já registou 2.346 casos de infecção pelo novo coronavírus. 22 pessoas morreram e 1.666 recuperaram. A 5 de Junho, os Açores chegaram a estar livres de covid-19.