Kim Jong-un promete reforçar poder militar da Coreia do Norte
Declarações de líder norte-coreano no Congresso do Partido dos Trabalhadores são encaradas como mensagem ao Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que vai expandir as capacidades militares do país, apesar das sanções de que é alvo e da pressão internacional para abandonar o programa nuclear norte-coreano.
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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que vai expandir as capacidades militares do país, apesar das sanções de que é alvo e da pressão internacional para abandonar o programa nuclear norte-coreano.
No segundo dia do Congresso do Partido dos Trabalhadores, que começou na passada terça-feira, o líder norte-coreano comprometeu-se em pôr “as capacidades de defesa do Estado num nível muito superior e a fixar objectivos para o conseguir”, de acordo com um comunicado citado pela agência norte-coreano KCNA.
Kim Jong-un afirmou que vai “garantir a segurança” dos norte-coreanos, contudo não especificou que medidas serão tomadas para reforçar a Defesa do país, apesar de, em Outubro, no 75.º aniversário do Partido dos Trabalhadores, o regime ter realizado uma parada militar onde foram exibidas novas armas balísticas, entre elas um míssil intercontinental.
Os analistas acreditam que o líder norte-coreano poderá estar a equacionar o desenvolvimento de mais armas nucleares, sendo que as declarações de Kim Jong-un surgem a apenas duas semanas de Joe Biden tomar posse como Presidente dos Estados Unidos, no que pode ser encarado como uma mensagem para o novo líder da Casa Branca.
“Kim não quer dizer a palavra ‘nuclear’ quando Biden assumir o cargo neste mês, e ele sabe que a posição do Presidente eleito em relação a Pyongyang é inflexível quando comparada com o seu antecessor”, disse à AFP o investigador Chan-il Ahn, do Instituto Mundial de Estudos da Coreia do Norte.
O Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se três vezes com Kim Jong-un, no entanto, as conversações não se traduziram em medidas concretas para a desnuclearização do regime norte-coreano nem para o levantamento das sanções internacionais. Há, por isso, expectativa quanto à política que Joe Biden vai assumir em relação à Coreia do Norte.
“Kim provavelmente não quer provocar [Biden] nesta fase. Mas o Norte nunca vai desistir das suas armas nucleares, isso é bastante claro”, acrescentou Chan-il Ahn, que desertou da Coreia do Norte em 1979.
O Congresso do Partido dos Trabalhadores, o primeiro em cinco anos, surge numa altura em que a Coreia do Norte atravessa uma grave crise económica, agravada pelas sanções internacionais impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, que tem reiterado que Pyongyang deve abandonar o seu programa nuclear e balístico.
Estas dificuldades económicas do país já levaram Kim Jong-un a admitir por duas vezes – a primeira em Agosto – que o plano económico quinquenal que lançou no congresso anterior, em 2016, falhou.
Na abertura da reunião magna do Partido dos Trabalhadores, o líder norte-coreano referiu que o plano económico “ficou muito aquém dos seus objectivos em quase todos os sectores” e disse que é necessário aprender com as “lições dolorosas” dos últimos anos.
Além disso, Pyongyang enfrenta o impacto da pandemia de covid-19, que levou o país a fechar as suas fronteiras com a China, o seu principal parceiro económico, logo em Janeiro. No entanto, o líder norte-coreano continua a negar a existência de qualquer caso de infecção no país e, durante o congresso do Partido dos Trabalhadores, nenhum delegado usou máscara e o distanciamento físico foi descartado.