Os sons do incêndio que, lá fora, começam a tomar conta do bosque são um espelho da tragédia familiar que, em casa, começa a tomar conta do destino das três irmãs. Olga, Macha e Irina (Isabel Queirós, Emília Silvestre e Bárbara Pais, respectivamente) têm uma discussão acesa sobre os trambolhões e acidentes de percurso que as levaram ao ponto de não-retorno com que se deparam, atirando culpas ou lamentando a forma discreta como se acabaram os seus tempos de despreocupação. É palpável o desassossego com que as suas cordas vocais vibram, mas há também algo de estranho, até mesmo sinistro, nesta interacção: as personagens esbracejam e levantam a voz, mas mantêm a distância; cada uma se resguarda no seu canto, disparando argumentos e observações com uma certa frieza, que o calor do momento contraria. Quem se concentrar nas movimentações das actrizes verá, aliás, que não há qualquer tentativa de encenação: o palco foi transformado num estúdio de gravação, onde a altercação está apenas a ser lida; os corpos não estão a tentar corresponder às palavras.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os sons do incêndio que, lá fora, começam a tomar conta do bosque são um espelho da tragédia familiar que, em casa, começa a tomar conta do destino das três irmãs. Olga, Macha e Irina (Isabel Queirós, Emília Silvestre e Bárbara Pais, respectivamente) têm uma discussão acesa sobre os trambolhões e acidentes de percurso que as levaram ao ponto de não-retorno com que se deparam, atirando culpas ou lamentando a forma discreta como se acabaram os seus tempos de despreocupação. É palpável o desassossego com que as suas cordas vocais vibram, mas há também algo de estranho, até mesmo sinistro, nesta interacção: as personagens esbracejam e levantam a voz, mas mantêm a distância; cada uma se resguarda no seu canto, disparando argumentos e observações com uma certa frieza, que o calor do momento contraria. Quem se concentrar nas movimentações das actrizes verá, aliás, que não há qualquer tentativa de encenação: o palco foi transformado num estúdio de gravação, onde a altercação está apenas a ser lida; os corpos não estão a tentar corresponder às palavras.