Nova variante do coronavírus: Insa vai avançar para rastreios em massa

Estão a ser processadas dezenas de amostras suspeitas, mas resultados só daqui a alguns dias. Em breve passará a haver rastreios em massa.

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DIOGO VENTURA

Pode a nova variante do SARS-CoV-2, inicialmente identificada no Reino Unido, mas já detectada também em Portugal, justificar o forte aumento de casos de infecção notificados nesta quarta-feira em Portugal — mais de 10 mil infecções em 24 horasJoão Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e coordenador do estudo sobre diversidade genética do novo coronavírus, é cauteloso: “Pode estar a contribuir de alguma forma, mas não explica este número tão alto.”

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Pode a nova variante do SARS-CoV-2, inicialmente identificada no Reino Unido, mas já detectada também em Portugal, justificar o forte aumento de casos de infecção notificados nesta quarta-feira em Portugal — mais de 10 mil infecções em 24 horasJoão Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e coordenador do estudo sobre diversidade genética do novo coronavírus, é cauteloso: “Pode estar a contribuir de alguma forma, mas não explica este número tão alto.”

O último relatório do Insa, de domingo passado, confirmou que a nova variante, mais contagiosa, estava já a circular em Portugal Continental — começaram por ser detectados 18 casos na Região Autónoma da Madeira, mas no domingo ficou a saber-se que tinham sido identificados 16 no continente. “Em alguns desses 16 casos não existirá historial de viagem [ao Reino Unido], o que, a confirmar-se, será um indicador de transmissão comunitária. Esses casos estão a ser investigados pela Saúde Pública”, diz João Paulo Gomes. 

Os números ainda não foram actualizados. Por estes dias, está a ser feito “um estudo muito dirigido a esta variante em particular” de amostras suspeitas enviadas por laboratórios de vários pontos do país e em breve os resultados serão divulgados, mas o investigador admite que haja já alguma dispersão geográfica. “Estamos a processar dezenas de amostras suspeitas vindas do Porto, do Algarve, de diversos locais.” O investigador explica que “uma amostra é suspeita” quando há historial de viagem ou quando o resultado positivo dos testes de diagnóstico tem determinadas características: quando está em causa a nova variante, há uma “pequenina região do vírus que não é detectada” nos testes. 

Para além deste estudo de amostras suspeitas, nos próximos dias arrancará um rastreio em massa para detectar a nova variante​. “Vamos passar a fazê-lo numa base mensal, como no início da pandemia. Vamos solicitar aos laboratórios do país amostras, analisaremos centenas de amostras”, diz.

​João Paulo Gomes recorda que em meados de Novembro foram processadas no Insa 400 amostras de 113 concelhos e que nessa altura a estirpe do Reino do Unido não foi detectada. Mesmo nas provenientes de cidades como Lisboa, Porto e Faro onde aterram mais viajantes daquele país. “Ou seja, a variante terá entrado no país depois dessa data, não há muito tempo — no Reino Unido foi em Setembro”. Também por esta razão, o investigador acredita que não estará suficientemente disseminada para explicar o aumento de casos conhecido desta quarta-feira.