Sobe a procura nas urgências e aumentam doentes com covid internados
Segundo o boletim da Direcção-Geral da Saúde, estavam internados 3171 doentes, mais 127 que no dia anterior, e nos cuidados intensivos estão ocupadas 510 camas (mais dez do que no boletim de domingo).
O dia começou com um alerta: no Hospital de São João, no Porto, o número de doentes com covid está a aumentar e pode ser já um efeito das festas de Natal. E não é só nesta unidade que o crescimento se começa a sentir. Também outros hospitais questionados pelo PÚBLICO registaram o mesmo. O boletim da Direcção-Geral da Saúde divulgado esta segunda-feira não traz motivos para descanso. Estavam internados 3171 doentes, mais 127 do que no dia anterior, e nos cuidados intensivos estão ocupadas 510 camas (mais dez do que as contabilizadas no boletim de domingo).
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O dia começou com um alerta: no Hospital de São João, no Porto, o número de doentes com covid está a aumentar e pode ser já um efeito das festas de Natal. E não é só nesta unidade que o crescimento se começa a sentir. Também outros hospitais questionados pelo PÚBLICO registaram o mesmo. O boletim da Direcção-Geral da Saúde divulgado esta segunda-feira não traz motivos para descanso. Estavam internados 3171 doentes, mais 127 do que no dia anterior, e nos cuidados intensivos estão ocupadas 510 camas (mais dez do que as contabilizadas no boletim de domingo).
Além de revelar uma subida nos internamentos — em dois dias foram internados mais 313 pacientes infectados pelo SARS-Cov-2, deixando o número total próximo dos 3181 internamentos de 16 de Dezembro —, o relatório diário registou ainda 4369 novos casos de covid e 78 mortes. Estes valores obrigam a uma atenção redobrada devido ao receio de uma terceira vaga. Os já de si elevados números de base de internamentos, especialmente em unidades de cuidados intensivos (UCI), reforçam a preocupação sobre os efeitos que um aumento de casos poderá ter sobre o sistema de saúde.
“Voltámos a ter mais de cem casos suspeitos por dia. A percentagem desses doentes que são positivos anda nos 20 a 30%. Este é talvez o nosso principal sinal de alerta de que há um agravamento da situação”, alertou Nelson Pereira, director da Unidade Autónoma de Gestão de Urgências e Medicina Intensiva, esta segunda-feira de manhã, numa conferência de imprensa destinada a fazer um ponto da situação. “É certamente efeito da época natalícia”, considerou, lembrando que “todo o ambiente à volta das festas faz com que as pessoas contactem mais, que se mobilizem mais”.
Os possíveis efeitos do Natal ainda não se fazem sentir de modo igual, mas alguns hospitais que responderam ao PÚBLICO dizem já registar um aumento na procura de urgências e também nos internamentos de doentes com covid. É o caso do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central — a que pertencem os hospitais de São José e Curry Cabral, entre outros —, que no domingo tinha internados 191 doentes com covid, quando a média dos sete dias anteriores tinha sido de 182. Na enfermaria estavam 161 pacientes (mais sete do que a média dos sete dias anteriores) e em UCI 30 (mais dois do que a média dos sete dias anteriores). É uma tendência contrária à que se registava na véspera de Natal: a 24 de Dezembro tinham 146 pacientes, quando a média dos sete dias anteriores tinha sido de 153.
Também o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental disse ter havido aumento de casos de covid nas urgências e nos internamentos em enfermaria de “mais 40%” em relação à média das semanas anteriores ao Natal. Mas esse efeito não foi, por enquanto, sentido nos cuidados intensivos. Actualmente estão em enfermaria 74 doentes e em UCI 27.
O Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte não adiantou números na segunda-feira, mas referiu “uma grande pressão na urgência e internamentos com e sem covid”. Já esta terça-feira a unidade revelou que ontem “foi um dos dias com mais episódios de urgência desde o início da pandemia”. Neste momento o centro hospitalar tem “cerca de 160 camas alocadas à covid e um total de 140 internados, 35 dos quais em UCI”.
De olho nos números
O Centro Hospitalar Universitário do Algarve registou, igualmente, “nos últimos dias, um acréscimo da procura”, segundo adiantou a fonte contactada, mas tranquilizando quanto à capacidade de lidar, por enquanto, com a procura: “A nossa capacidade de resposta tem-nos permitido, inclusivamente, receber nas nossas unidades hospitalares utentes oriundos de hospitais das áreas de Lisboa Central e do Alentejo”. O centro hospitalar não dá números de doentes internados, mas refere que está na fase 2 do plano de contingência, que tem um total de quatro fases.
No Hospital Amadora-Sintra, nas urgências, houve um “aumento de 25% de casos em Janeiro, relativamente ao período anterior ao Natal”, mas tanto nas enfermarias como na UCI esse efeito ainda não se fez sentir num acréscimo de doentes com covid internados. O hospital adiantou que tem actualmente 117 doentes internados em enfermaria e 16 em UCI.
O Hospital Garcia de Orta, em Almada, refere que “até ao momento não foi registado um aumento de doentes positivos para a covid-19, no serviço de urgência geral”, sendo actualmente de 15% a percentagem destes pacientes. Em termos de internamentos em enfermaria, “na última semana de 2020 e nos primeiros dias de Janeiro de 2021 registou-se um ligeiro aumento do número de doentes positivos”. Entre 28 de Dezembro e 3 de Janeiro estiveram internados, em média por dia, em enfermaria 94 doentes. Em Dezembro, a média diária foi de 92. Já em UCI, a semana entre 21 e 27 de Dezembro foi a que registou mais doentes, em média por dia, internados: 17. No restante mês, a média foi de 15.
Na segunda-feira, o Hospital Garcia de Orta, que está no nível 3 do plano de contingência, tinha 96 doentes com covid em enfermaria e 15 em UCI. O mesmo explica que tem feito várias adaptações para responder a doentes com e sem covid, dando o exemplo dos seis quartos individuais de pressão negativa na medicina intensiva e a transformação da unidade de cirurgia de ambulatório em UCI. “Foram efectuadas obras de melhoria, na ordem dos 400 mil euros, para aumentar a capacidade na UCI para doentes com e sem covid. Exemplo disso foi a criação de novos quartos de isolamento e o investimento, em mais de meio milhão de euros, em equipamento”, diz o hospital.
Já o Hospital de Braga “conta com 76 doentes covid-19 em enfermaria e 23 em unidade de cuidados intensivos polivalente (UCIP)”. Diz a unidade que “o número de internados, quer em enfermaria, quer em UCIP, mantém-se estável, não se verificando um aumento significativo de casos de internamento”. “Não obstante esta realidade, e tendo em especial atenção o recente período festivo, o Hospital de Braga continuará atento à evolução epidemiológica na região.”
No Centro Hospital Vila Nova de Gaia/Espinho o número de doentes internados ainda está longe dos piores registos e também dos valores da semana do Natal, embora se “registe um ligeiro aumento em termos de média”. No domingo, estavam internados em enfermaria 64 pacientes com covid e nos cuidados intensivos dez doentes em estado mais grave, menos oito do que no dia de Natal. Contudo, o nível de atenção à situação epidemiologia mantém-se alto. Com Ana Cristina Pereira