Cem suspeitos de covid-19 por dia nas urgências do Hospital de São João: “É certamente efeito da época natalícia”
Neste início de semana, naquele centro hospitalar do Porto estavam 101 doentes internados com covid-19, 46 dos quais em estado crítico. Já tomaram a vacina 2500 profissionais e agora devem tomar outros 1500
Os efeitos das festas de Natal e passagem de ano já se notam no Centro Hospitalar de São João, no Porto. “Nós voltámos a ter mais de cem casos suspeitos por dia, o que é um número que vai em linha com o que aconteceu no fim do mês de Novembro, início do mês de Dezembro”, declarou Nelson Pereira, director da Unidade Autónoma de Gestão de Urgências e Medicina Intensiva, na manhã desta segunda-feira.
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Os efeitos das festas de Natal e passagem de ano já se notam no Centro Hospitalar de São João, no Porto. “Nós voltámos a ter mais de cem casos suspeitos por dia, o que é um número que vai em linha com o que aconteceu no fim do mês de Novembro, início do mês de Dezembro”, declarou Nelson Pereira, director da Unidade Autónoma de Gestão de Urgências e Medicina Intensiva, na manhã desta segunda-feira.
“Não é uma surpresa”, sublinhou aquele responsável. “A percentagem desses doentes que são positivos anda nos 20 a 30 por cento. Este é talvez o nosso principal sinal de alerta de que há um agravamento da situação no que à covid diz respeito.”
Nos últimos dias, os números têm sido elevados à escala nacional, quer no que concerne a casos positivos, quer a internamentos e a mortes. Tanto que o Presidente da República quer renovar o estado de emergência.
Atendendo à realidade que chega ao Centro Hospitalar de São João, Nelson Pereira vê com “preocupação este recrescimento”. Diz-lhe a experiência que um aumento nas urgências antecede um aumento nos internamentos em enfermaria e, mais tarde, nos cuidados intensivos.
Neste início de semana, o São João contava 101 internados, 46 dos quais em estado crítico. “São números bastante elevados”, concede. “Qualquer aumento que possa acontecer nas próximas semanas vai ter um impacto muito significativo.”
O plano de contingência mantém-se. Os serviços reajustam-se a cada instante para responder ao afluxo. “Continuamos com 22 camas abertas [nos cuidados intensivos], além da actividade normal do serviço”, explicou. “É um esforço muito grande em termos de toda a estrutura e todos os profissionais envolvidos”, enfatizou.
Nelson Pereira não tem dúvidas: “É certamente efeito da época natalícia.” Não só das noites de Natal e passagem de ano. “Todo o ambiente à volta das festas faz com que as pessoas contactem mais, que se mobilizem mais.”
O médico apela à responsabilidade de todos e de cada um. “É muito importante, neste momento, que as pessoas compreendam que a situação está longe de ser resolvida”, disse, em conferência de imprensa, à porta das urgências de adultos. “Mesmo que tenham tido aqui algum laxismo na forma como se comportaram durante as festas do Natal e do Ano Novo, é importante que agora voltem a perceber que é necessário que voltem a acalmar”, prosseguiu, lembrando a necessidade de manter distância física, utilizar máscara e lavar as mãos com regularidade.
Perto das 10h30, havia algum aparato nas imediações daquele hospital situado na zona oriental da cidade. Eram novas doses de vacinas a chegar com uma escolta das forças de segurança. A vacinação começou precisamente ali, no passado dia 27 de Dezembro. Cerca de 2500 profissionais já tomaram a primeira dose. Esta semana, outros 1500 devem fazê-lo. “É um motivo de regozijo, de satisfação para todos, mas é claramente uma gota de água neste oceano.”
Segundo informou Nelson Pereira, com esta nova remessa devem ficar cobertos os grupos definidos como prioritários pela Direcção-Geral da Saúde. Os outros profissionais de saúde, porém, também contactam com doentes e, por isso mesmo, também constituem um grupo prioritário. E esses são ainda cerca de dois mil. “O nosso objectivo é chegar a todos”, afirmou. A expectativa é que tal aconteça ainda este mês.